RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Ao menos 39 pessoas foram presas nesta segunda-feira (21) em operação das Forças Armadas e das polícias em sete comunidades da zona norte do Rio de Janeiro. Em razão dessa ação, 26.975 alunos ficaram sem aulas. O número é recorde no ano, superando a marca da sexta (18), que foi de 19.423 alunos sem aula na cidade.

Um dos 26 detidos é o soldado do Exército Mateus Ferreira Lopes, 19, preso pela Decod (Delegacia de Combate às Drogas) em Niterói, região metropolitana do Rio. Ele é suspeito de vazar informações para criminosos das comunidades onde a operação foi realizada. Lopes teria usado as redes sociais para alertar grupos e pessoas sobre a ação. Entretanto, por ser soldado, seu grau de conhecimento era pequeno. De acordo com o Comando Militar do Leste, divisão do Exército responsável pelo Rio de Janeiro, ele estava sendo monitorado. O ministro da Defesa, Raul Jungman, afirmou que o vazamento foi “mínimo” diante do efetivo empregado.

Ao todo, a operação envolveu mais de 6.000 homens -5.000 das Forças Armadas, que ajudaram no cerco posicionando-se no entorno das comunidades; 300 PMs; 600 policiais civis; 30 da Polícia Federal e 140 da Polícia Rodoviária Federal. Sobre o número recorde de alunos sem aulas, o subsecretário de Comando e Controle da Secretaria de Segurança Pública, Rodrigo Alves, atribui o fechamento das escolas a criminosos que atuam na região.”Quem aterroriza a população são os criminosos, não a polícia”, disse.

A ação, que também teve apoio da Força Nacional de Segurança Pública e da Agência Brasileira de Inteligência, foi realizada para cumprir ordens judiciais relacionadas ao tráfico de drogas, roubo de cargas e outras crimes. Foram apreendidas sete armas (seis pistolas e uma espingarda), duas granadas, munições, sete carros, 25 motos, rádios e “farta quantidade de drogas”. No final do dia, a secretaria estadual de Segurança divulgou apreensão de 300 quilos de maconha, 10 quilos de cocaína e 1,5 quilo de haxixe. A Polícia não conseguiu deter todos os traficantes alvos da operação, e nenhum fuzil foi apreendido. Ela atribuiu isso a vazamentos.

CRISE DA SEGURANÇA

Diante da crise no Estado, o governo federal autorizou o uso das Forças Armadas para atuarem na segurança pública em todo o Estado. Quase cem PMs foram assassinados no Rio de Janeiro este ano. Em 2017, o Estado teve um PM morto a cada dois dias. O número inclui mortos em serviço (21), em folga (56) e aposentados (20), todas vítimas de ações violentas. Nesse ritmo, caminha em direção à marca de 200 casos em um ano “”o maior número foi atingido em 1994, quando morreram 227 policiais. No primeiro semestre, houve um aumento de 21% no número de mortes violentas, em comparação com mesmo período de 2016 no Estado. Quando se separam as mortes violentas ocorridas após oposição a intervenção policial, indicador que sugere confronto, esse número sobe para 45%.