A Delegacia de Meio Ambiente de Curitiba está investigando uma chacina de cachorros no Pilarzinho, em Curitiba. Entre junho e julho, sete cães foram encontrados mortos na rua Graziele Wolf esquina com a Rua Fredolin Wolf com suspeita de envenamento. Os cães foram desovados com latas e restos de obras e dois boletins de ocorrência foram registrados por moradores, indignados com o ocorrido.
Episódios assim, contudo, são mais frequentes do que muitos poderiam imaginar. De acordo com a Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba (SPAC), casos de maus-tratos chegam até a instituição diariamente, algo compartllhado também pela ONG do Cão. 
Soraya Simon, presidente da SPAC, explica que todo tipo de situação em que o animal é colocado em sofrimento pode ser considerado maus-tratos. “Em Curitiba, os casos mais comuns são de animais que não recebem o tratamento adequado, ficam acorrendados, sem abrigo, abandonados ou sem a guarda responsável. Aí esses animais adoecem, se acidentam, e acabam sendo resgatados até por terceiros”, aponta.
A pena para quem comete esse tipo de violência pode variar, criminalmente, de 3 meses a um ano e quatro meses de prisão, se ocorrer a morte do animal. Contudo, como o crime é considerado de menor potencial ofensivo, a punição poderá ser trocada por pagamento de multa, prestação de trabalhos à população, doação de cestas básicas ou de pacotes de ração. Em paralelo há ainda as punições administrativas, que podem resultar em multa de R$ 500 a até R$ 3 mil por animal maltratado.
“Toda hora chega denúncia para gente, mas ficamos de mãos atadas. Mal temos a ração para dar pros bichos que acolhemos. O povo todo está sem dinheiro. Mesmo quem quer ajudar, não consegue”, afirma Rita da Silva, presidente da ONG do Cão. “Pessoal vai viajar, se muda, e larga o cão. Onde você vai tem bicho abandonado e isso está aumentando cada vez mais”, alerta a protetora.

Como denunciar
Se você presenciar qualquer animal sendo maltratado, deve denunciar pessoalmente na Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), que fica na Rua Erasto Gaertner, 1261, no Bacacheri. Além disso, o Batalhão de Polícia Ambiental, a Promotoria do Meio Ambiente e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, por meio do telefone 156, também recebem denúncioas, que podem ser feitas de forma anônima.

Relação com a violência doméstica
Estudos recentes apontam que 69,3% dos criminosos que cometeram abuso contra animais tiveram envolvimento com outros crimes violentos. Além disso, 54% das mulheres que procuraram abrigos nos EUA relataram que o companheiro já havia matado ou agredido o animal de companhia.
Em Curitiba, a professora da UFPR Rita de Cassia Garcia, da área de Medicina Veterinária do Coletivo, é autora da tese O Elo. Segundo ela — que participará hoje, das 18h30 às 20h30, de uma mesa-redonda na Casa da Mulher Brasileira —, os maus tratos aos animais podem servir como um indicador de futuros comportamentos criminosos, além de poderem indicar que algo não está em harmonia numa família, servindo como sinal de alerta para outros tipos de violência, como a negligência e abusos físicos e psicológicos contra mulheres, crianças/adolescentes e idosos.
O evento na Casas da Mulher Brasileira integra a VIII edição da Semana Nacional da Justiça pela Paz em Casa, e é promovido pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar.