SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os altos custos de proteção do presidente Donald Trump, suas várias casas e a sua família grande levaram a uma crise financeira do Serviço Secreto dos Estados Unidos, que está ficando sem dinheiro para cuidar da segurança do mandatário.

Em entrevista ao jornal “USA Today” publicada nesta segunda-feira (21), o diretor do Serviço Secreto, Randolph “Tex” Alles, afirmou que mais de mil agentes já chegaram a seu limite anual de salário e horas extras devido à carga de trabalho. De acordo com a publicação, funcionários da agência enfrentaram uma rotina “esmagadora” nos sete primeiros meses do governo Trump.

Entre as obrigações dos agentes estão a proteção do presidente e de seus filhos, que também viajam pelo país e pelo exterior em férias e a negócios. Ao todo, 42 pessoas do governo Trump têm a proteção do Serviço Secreto, incluindo 18 membros da família do presidente.

De acordo com a agência, o número é “sem precedentes” e maior em relação ao governo Obama, quando 31 pessoas tinham a garantia dos agentes. “O presidente tem uma família grande, e nossa responsabilidade está prevista por lei. Não posso mudar isso, não tenho flexibilidade”, disse o diretor. De acordo com ele, o problema do financiamento do Serviço Secreto não começou com Trump. “Isso tem sido uma questão há quase uma década”, disse.

Segundo Alles, sem a intervenção do Congresso para fornecer recursos adicionais, a agência não poderá pagar nem mesmo por trabalhos que os agentes já realizaram. Com a entidade em crise financeira, o diretor discute com legisladores o aumento do teto do salário combinado com o limite de horas extras para os agentes, de US$ 160 mil para US$ 187 mil por ano –o equivalente a uma alta de R$ 42 mil para R$ 49 mil mensais–, pelo menos já para o primeiro mandato de Trump.

Mesmo que a proposta fosse aprovada, entretanto, cerca de 130 agentes veteranos não seriam totalmente compensados pelas centenas de horas já acumuladas, de acordo com a agência. “Não vejo isso mudar no curto prazo”, disse Alles ao “USA Today”. Congressistas democratas e republicanos expressaram preocupação com a situação financeira da agência. Mas a perspectiva para o futuro não é das mais animadoras.

Com 150 presidentes e líderes estrangeiros que se reunirão em setembro em Nova York para a Assembleia Geral das Nações Unidas, as demandas do Serviço Secreto devem apenas aumentar. “Não podemos esperar que o Serviço Secreto possa recrutar e manter o melhor dos melhores se eles [agentes] não estão sendo pagos por esses aumentos [em horas extras]”, afirmou Alles.

Em um comunicado divulgado também nesta segunda (21), a Casa Branca informou que o governo trabalharia com o Congresso para negociar uma solução. “O presidente está comprometido a garantir ao Serviço Secreto e a todos que protegem o país que tenham os recursos de que precisam”, diz o documento.