Os produtores urbanos da Horta Comunitária do Cajuru, inaugurada pelo prefeito Rafael Greca em julho e que tem o apoio do município, iniciaram nesta terça-feira (22/8) a colheita das primeiras hortaliças cultivadas no espaço de mil metros quadrados. Dos canteiros, 24 famílias da Comunidade Oficinas e da Vila Betel começaram a levar para casa pés fresquinhos de alface, couve, rúcula, almeirão e escarola, além de ervas como orégano, cebolinha e salsinha.

Parceria entre a Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento (Smab) e a concessionária de trens Rumo, a Horta Comunitária do Cajuru está localizada ao longo da linha férrea que corta o bairro e é a 24ª da capital a ter o acompanhamento técnico dos engenheiros agrônomos da Prefeitura. São cerca de 100 pessoas beneficiadas, entre produtores e familiares, com o cultivo de hortaliças e temperos, além de frutas nativas como pitanga, limão e laranja.

O secretário municipal de Agricultura e Abastecimento, Luiz Gusi, destaca que as hortas comunitárias têm um papel que vai além do cultivo de alimentos saudáveis para consumo. Também é uma atividade terapêutica, de relaxamento e de convívio social. Além disso, os produtos excedentes colhidos poderão ser vendidos e há até outros benefícios, como educação ambiental e educação alimentar, enumera ele.

Gusi destaca ainda que a Smab, pelo Programa de Agricultura Urbana, é responsável pela assistência técnica, apoio organizacional das comunidades e, inicialmente, fornecimento de mudas e insumos usados no espaço. Com a Horta do Cajuru, a Prefeitura e a Rumo transformaram um espaço improdutivo, repleto de entulho, em uma área de cultivo de alimentos saudáveis, complementa o secretário.

Desde a inauguração, eu venho diariamente molhar meu canteiro e ver como as mudas estão crescendo. Além de plantar para mim e minha família, também vou doar para algumas instituições filantrópicas, como o Lar Moisés e o Asilo Recanto Tarumã, conta o professor Carlos Roberto Cordeiro, 58 anos, morador há 47 anos da Comunidade Oficinas. Segundo ele, quem chegar ao local e pedir vai poder levar para casa parte do que é plantado.  Aqui tem para todo mundo, garante o professor, enquanto colhe com orgulho alface e outras hortaliças.

Quem também não via a hora de iniciar a colheita das hortaliças era a dona de casa Geny Fermino, 54 anos. Ela já sabe que não conseguirá consumir tudo o que produz em seu canteiro repleto de vistosos pés de alface, rúcula, almeirão, mostarda, escarola, salsinha e cebolinha. Lá em casa sou só eu e meu marido, Laércio. Assim, vou ter que dividir com os vizinhos aqui da Comunidade Oficinas, salienta Geny.

O autônomo Ezequias Moreira Lima, 48 anos, também passou o último mês cuidando de seu canteiro. A gente vem todos os dias, de manhã e no fim da tarde, regar, recorda ele, que planta para consumo da família e também para doar aos vizinhos. Ezequias, conhecido no bairro como Baiano, espera que o cultivo na horta ajude a melhorar a qualidade da alimentação da família e a reduzir os gastos com verduras. A gente pode até conseguir um dinheiro extra vendendo o que produzirmos a mais, acrescenta ele.

Carmen Maron, coordenadora de Relações Sociais da Rumo, destaca que a Horta do Cajuru começa a receber os primeiros canteiros suspensos para que moradores idosos possam participar do cultivo. Como eles não podem se abaixar para plantar e colher, fomos pesquisar hortas suspensas e descobrimos que dá para plantar ervas em latões. Assim, os idosos não precisam comprometer a coluna, justifica ela.

Para celebrar a primeira colheita da Horta do Cajuru, nesta terça-feira, também foi realizada uma pequena feira dentro da sede da Rumo, que fica em frente ao espaço, para que os funcionários da empresa pudessem ver de perto a produção e até comprar os alimentos a um preço simbólico. É um primeiro passo para que a horta também ajude a reduzir os custos com a produção, como os gastos com água e insumos, por exemplo, avalia Carmen.

Programa

A Prefeitura de Curitiba, através da Smab, mantém o Programa Hortas Comunitárias desde 1986. São 24 áreas cultivadas por 872 famílias de produtores urbanos e que se espalham por 428 mil metros quadrados sob linhões de energia, terrenos públicos e áreas da iniciativa privada.

As hortas estão localizadas nos bairros Cajuru (Regional Cajuru), Sítio Cercado (Regional Bairro Novo), Tatuquara e Campo do Santana (Regional Tatuquara) e Cidade Industrial (Regional CIC).