Manifestações na Câmara Muncipal, carreatas por Curitiba, ações afirmativas e conscientizadoras (como o recentíssimo Táxi Solidário). Desde março do ano passado os taxistas de Curitiba estão nas ruas, mas não apenas a trabalho. E o que explica o fato de a categoria estar alvoroçada? 

A invasão dos aplicativos de transporte, com especial destaque ao Uber e Cabify, pode ser apontada como a causa da aflição dos táxis. Desde a chegada dos aplicativos, que os taxistas classificam como ilegal e concorrência desleal (uma vez que o serviço sequer está regulamentado na cidade), o número de corridas cairam e, junto, o faturamento.

De acordo com Eduardo Fernandes, presidente da União dos Taxistas de Curitiba (UTC), o faturamento médio dos taxistas sofreu em pouco mais de um ano uma queda de, no mínimo, 50%. Tem pessoas que estão a vida toda no táxi. São pessoas que simplesmente viram o rendimento despencar. É uma questão social bem grave, afirma. “Hoje a gente não vive; sobrevive. É um alerta, complementa. 

Se a situação está difícil para a população como um todo por conta da crise econômica, para os taxistas o cenário, então, é ainda mais complicado. Com custos que — estimam eles — ficam entre R$ 800 e R$ 900 por mês somente com o pagamento de impostos e manutenção do veículo, muitos não estão conseguindo manter as contas em dia.

Hoje não vivemos, apenas sobrevivemos. Esse é um fato. Estamos trabalhando mais e ganhando menos, afirma o taxista Paulo Ricardo Leão Lagos, 37 anos, que recentemente perdeu o veículo com o qual trabalhava por não conseguir arcar com as parcelas do financiamento do carro. Além disso, afirma estar com outras contas, como a do condomínio e a parcela do imóvel em que mora, em atraso. Ele continua na praça, mas utilizando o táxi de um terceiro para trabalhar.

Jeferson de Barros Dias, 42 anos, há 17 trabalha com o táxi, um ofício que herdou do pai, também taxista. Neste ano, porém, acabou perdendo seu veículo. Ele chegou a renegociar as parcelas do automóvel, mas ainda assim não conseguiu arcar com o compromisso. Segundo ele, a queda no faturamento desde a chegada dos aplicativos fica entre 60 e 65%.

Na crise pós-Copa, o taxista vinha sofrendo com a crise como toda a população. As vezes atrasava algo, mas conseguia se manter. Hoje, não está dando mais, afirma Dias. Quando vieram os aplicativos, entramos em queda livre. Nunca vivemos algo assim, o sistema está à beira de um colapso, complementa.

Táxi Solidário
Nesta semana os taxistas ligados à UTC iniciaram uma ação de protesto, com o Táxi Solidário, em que aceitam passageiros de ônibus por R$ 5. A ideia é levar pelo menos quatro passageiros. Na segunda-feira a Urbs reagiu, e começou uma fiscalização contra o serviço de lotação. Os taxistas, no entanto, garantiam que continuariam a pegar passageiros. O protesto é contra a atuação de veículos não regulamentados no transporte de Curitiba.