Desde o ano passado, quando o governo federal aprovou a chamada Lei da Integração (Lei n. º 13.288/2016), os produtores rurais e as unidades industriais envolvidas com avicultura e suinocultura contam com um novo canal de convivência: as Comissões de Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadecs). A legislação exige a formação de comissões paritárias nas agroindústrias, o que permitiu o equilíbrio nas negociações.
Apesar de recente, as Cadecs estão transformando o relacionamento entre as partes em algo mais transparente e justo, em prol da construção de uma convivência saudável, minimizando os conflitos. Afinal, todos os elos precisam ganhar, leia-se saber negociar, para a sobrevivência das cadeias.
Mas alcançar esse estágio exigiu trabalho árduo. A Lei da Integração permaneceu parada durante anos em Brasília, até que a FAEP passou a pressionar os parlamentares para apressar sua tramitação. Técnicos da casa participaram de inúmeras reuniões na capital federal, contribuindo para a construção do texto da lei.
Lei sancionada, início de uma nova etapa de trabalho. Desde o início do ano, a FAEP tem se feito presente em todas as regiões do Estado, com assessorias técnica e jurídica, para a formação das Cadecs. Até o momento, nove das 33 unidades industriais de frango contam com comissões implantadas, resultado direto do trabalho da entidade e dos produtores. Nossa meta é fechar o ano com 14 Cadecs funcionando. Na suinocultura, a fase é de sensibilização das 11 indústrias sobre a importância dos Cadecs.
Recentemente, de forma paralela, iniciamos outro ciclo para o fortalecimento das Cadecs. A FAEP criou o Núcleo de Cadecs do Paraná, que reúne os coordenadores das comissões já existentes para a troca constante de informações. Desta forma, todos poderão acompanhar o que se passa nas diversas regiões do Paraná. Certamente, o setor produtivo ganha ainda mais força no processo de negociação com as indústrias com os interesses unificados. O Núcleo ainda tem o papel de mobilizar e fomentar avicultores e suinocultores para a criação de comissões nas regiões que ainda não contempladas.
Além das assessorias técnica e jurídica, a programação do Núcleo prevê, via SENAR-PR, a capacitação dos integrantes das Cadecs. Sabemos que do outro lado da mesa de negociação, os representantes das indústrias estão preparados. E é isso que vamos fazer com nossos representantes, com cursos envolvendo liderança, técnicas de negociação, noções jurídicas e conceitos de custo de produção.
Apesar de ainda recente, o ineditismo do Núcleo de Cadecs do Paraná tem chamada a atenção Brasil afora. As Federações de Santa Catarina e São Paulo já demonstraram interesse em conhecer detalhes do projeto. Tenho convicção de que outros Estados também irão utilizar a nossa ideia.
Esse trabalho todo tem um único propósito: a defesa dos interesses dos nossos produtores. Vamos, quanto for necessário, subsidiar nossos avicultores e suinocultores para que, de forma coletiva, tenhamos mais e mais força diante das indústrias. Afinal, temos que encontrar uma forma equilibrada de todos os elos das cadeias sobreviverem, permitindo que o Paraná continue forte na agropecuária.

Ágide Meneghette é presidente do sistema FAEP