FLÁVIO FERREIRA E GIBA BERGAMIN JR.
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após uma semana de tensão entre o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), em razão da disputa pelo posto de candidato a presidente em 2018, eles participaram juntos do desfile de 7 de Setembro na capital e evitaram um clima de confronto nas suas falas.
Após o evento, eles concederam entrevista coletiva lado a lado.
Logo nas respostas iniciais, Doria destacou o fato de ter permanecido junto ao governador na cerimônia.
“Quero deixar aqui mais uma vez claro a todos jornalistas a minha admiração, meu respeito, meu melhor sentimento ao Geraldo Alckmin como cidadão, como pai, como brasileiro, como gestor, como homem público e como integrante do meu partido, o PSDB”, afirmou.
Indagado sobre a possibilidade de deixar o partido, Doria respondeu que não tem a intenção de mudar de legenda. Um jornalista insistiu no tema e perguntou se ele não poderia sair no ano que vem.
O prefeito então afirmou: “Cada dia é um dia. Estou no PSDB, sou PSDB, tanto quanto o governador Geraldo Alckmin, que aliás é fundador do PSDB. Estamos tratando do dia de hoje”.
Questionado sobre a possibilidade de enfrentar Doria pela vaga de candidato do PSDB à Presidência, Alckmin disse apenas que “tudo tem o seu tempo”.
Após o desfile, Doria seguiu para um evento de anúncio de obras de revitalização do parque da Independência, no bairro Ipiranga, na zona sul de São Paulo, e comentou sobre o depoimento do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci à Justiça Federal na quarta-feira (6).
Ao ser interrogado pelo juiz federal Sergio Moro, Palocci disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um “pacto de sangue” com a construtora Odebrecht para que recebesse R$ 300 milhões em propinas.
De acordo com o prefeito, o testemunho confirma “o maior assalto ao dinheiro público de que se tem notícia no mundo”.
“A delação do ex-ministro é gravíssima porque confirma aquilo que já indicavam as investigações da Lava-Jato. O ex-presidente Lula tem seis processos. Num deles, condenado. Ele [Palocci] apenas ratifica em detalhes um esquema criminoso com propina de R$ 300 milhões no pós-governo. Fora o que se roubou durante o governo do PT”, disse.
Doria fez uma ironia ao chamar o dinheiro de “propinazinha” para que Lula pudesse “viver junto com a sua quadrilha às custas do dinheiro público”.
“Essa delação sela o destino de Lula, que a meu ver, não será em São Paulo, será em Curitiba e por muitos anos”, afirmou, fazendo alusão a uma eventual prisão do ex-presidente.
Indagado novamente sobre sua possível candidatura à Presidência, afirmou ser “cedo” para falar e que não tem nenhuma intenção de sair do partido.
“Vamos esperar até o final do ano. O PSDB é o meu partido, tomei a iniciativa de me filiar em 2001. Tenho muito respeito pelo PSDB e seus líderes”, disse.
A respeito dos ataques de integrantes da base aliada de Alckmin, que o chamaram de “traidor” por sua postura de candidato à Presidência e suas viagens pelo país, o tucano minimizou.
Um dos críticos é Campos Machado (PTB), da tropa de choque do governador na Assembleia. “O Campos tem que cuidar do PTB. A gente cuida do PSDB”, afirmou Doria.