REYNALDO TUROLLO JR. BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em seu último dia útil à frente da PGR (Procuradoria-Geral da República), o procurador-geral, Rodrigo Janot, ganhou um arco e flecha da tribo Xokó, de Sergipe, durante evento com servidores e procuradores do órgão, na tarde desta sexta-feira (15). O presente é uma referência à frase “Enquanto houver bambu, lá vai flecha”, dita por Janot em uma palestra em São Paulo. A declaração foi criticada pela defesa do presidente Michel Temer, alvo de uma segunda denúncia de Janot ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quinta-feira (14), sob acusação de chefiar organização criminosa e obstruir a Justiça. Segundo relatos de pessoas que participaram do evento, Janot ficou visivelmente emocionado e com a voz embargada em seu último evento como procurador-geral. Ele apresentou um balanço de sua gestão. “Juntos vivemos e escrevemos um capítulo muito especial na história do país e do Ministério Público. A esperança ainda triunfa nesta casa. Valeu a pena para mim cada minuto de labuta e até de sofrimento”, disse. Janot, o vice-procurador-geral da República, Nicolao Dino, e o secretário-geral do Ministério Público da União, Blal Dalloul, foram aplaudidos de pé por cerca de 400 pessoas, segundo informou a assessoria da PGR. O evento foi fechado para a imprensa. Janot recebeu homenagens de membros do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) e das unidades do Ministério Público Federal nos Estados. Um dos discursos mais emocionantes, segundo uma pessoa presente, foi o do procurador Vladimir Aras, secretário de Cooperação Jurídica Internacional de Janot. Ele classificou a gestão como “uma história de fé na Justiça e amor pelo Brasil”. “De sua cadeira solitária chacoalhou o país para fazê-lo melhor, na missão de promover a Justiça onde quer que seja”, disse à plateia. Janot enfrentou na reta final o momento mais tenso de seu mandato, que culminou na rescisão do acordo de delação de Joesley Batista, dono da JBS. Desde que o acordo foi assinado, em maio, a PGR enfrentava críticas por causa da imunidade concedida aos delatores, mas Janot repetia que faria tudo de novo. A crise foi causada pela suspeita de que um ex-auxiliar do procurador-geral, o ex-procurador Marcello Miller ajudou, enquanto ainda trabalhava no Ministério Público, os delatores da JBS a fechar o acordo com a PGR.