SILAS MARTÍ
NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) – Quando todos os olhos do mundo se voltarem para Donald Trump na tribuna da Assembleia Geral das Nações Unidas, suas palavras terão a Coreia do Norte, o Irã e a Venezuela como o maior alvo.
No momento em que o regime de Kim Jong-un se torna a principal ameaça à paz mundial, com repetidos testes de mísseis indiferentes às duas rodadas de sanções contra Pyongyang aprovadas na ONU, o presidente americano quer usar sua estreia no órgão internacional para denunciar os abusos do ditador que apelidou de “homem do foguete” em tuítes recentes.
Também deve reservar espaço para atacar o Irã de Hassan Rouhani. Trump é crítico ferrenho do acordo nuclear costurado por Barack Obama e ameaça abandonar a medida que relaxou sanções econômicas contra Teerã em troca da desistência do país de construir um arsenal nuclear.
Mais nova integrante do eixo de ditaduras que desagrada o presidente americano, a Venezuela, assunto de um encontro entre Trump, o presidente Michel Temer e o colombiano Juan Manuel Santos, será outro assunto do discurso.
Trump, no caso, pretende usar seu aguardada estreia na ONU nesta terça como a maior vitrine para sua doutrina “America First”, ou América em primeiro lugar, tema de sua campanha à Casa Branca.
“O que o presidente vai fazer é explicar como esse princípio é consistente com a ideia de cooperação internacional”, disse Stephen Miller, um dos mais influentes conselheiros de Trump, a jornalistas. “É racional para qualquer nação. Países soberanos põem seus cidadãos em primeiro lugar.”
Miller disse ainda que o discurso do chefe na ONU “apresenta sua visão para o mundo, mostrando como a América funciona e quais são seus valores”. Será, nas palavras do assessor, “um discurso profundamente filosófico”.
O líder americano deu até um nome a sua linha de pensamento. Trump costuma embasar suas estratégias de relações exteriores no que chama de “realismo de princípios”, ações ancoradas “não em processos, mas em resultados”, ecoando manuais de autoajuda e guias para empresários em busca de lucro.
Sua visão de mundo, aliás, parte do mesmo pragmatismo. Longe da ambição de construir e sustentar democracias pelo uso da força militar ao redor do mundo, Trump, pelo menos na visão de seu assessor, insiste na ideia de soberania, incentivando cada país a defender seus próprios interesses.
“Ele quer países mais sólidos e seguros, que possam dividir o fardo de ações internacionais”, disse Miller. “É um modelo de baixo para cima, das pessoas para as nações, uma visão inclusiva pensada para que cada país faça a sua parte e reforce a defesa de nossa civilização.”