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PEDRO DINIZ
LONDRES, REINO UNIDO (FOLHAPRESS) – Um dos últimos estilistas vivos da época de ouro da moda italiana, Giorgio Armani, 83, apresentou na vanguardista Londres, no domingo (20), o primeiro desfile da grife Emporio Armani na temporada.
O evento abriu de forma extraoficial o circuito dos principais desfiles europeus, que começa de fato nesta quarta (20), em Milão.
A apresentação na região fashionista de New Bond Street não só serviu para reabrir a loja no centro do consumo londrino, mas também de manifesto contra um vaivém de tendências e impulsividade que toma o norte criativo das grifes.
“É muito mais fácil mudar sempre. Você segue o impulso do momento para tentar surpreender a todo custo, fazer manchetes. Para mim, existem outras coisas que importam”, afirmou o estilista em entrevista à reportagem. “O maior desafio é sempre acompanhar os tempos sem perder seu modo de pensar.”
Na passarela, referências dos anos 1970, como grafismos coloridos aplicados aos looks de alfaiataria, foram mescladas ao visual festeiro da “swinging London” dos 1960. O acento britânico também apareceu em padrões cujas linhas ampliavam o “argile”, padronagem em losangos dos suéteres ingleses.
Armani é festejado e criticado por passar 40 anos dando voltas em uma linha de pensamento, com coleções que exaltam os pilares da carreira, como a interseção das silhuetas masculina e feminina. Em Londres, ele fortaleceu o viés urbano e pop da Emporio.
A grife “criada para caminhar sozinha” e “atender às necessidades de um público amplo”, se descola do experimentalismo da Giorgio Armani, a marca-mãe. O estilista ainda criou etiquetas de jeans, “streetwear” e casual.
EXPANSÃO
O empresário hoje investe também em hotelaria, movelaria, gastronomia e noite. A fortuna ligada aos negócios soma US$ 8,7 bilhões (ou R$ 27 bilhões), segundo a “Forbes”.
A fórmula foi nadar nos 1990 contra a corrente. Diferentemente de Alberta Ferreti, da grife homônima, e Renzo Rosso, da Diesel, Armani não construiu um grupo com diversas marcas, à maneira do empreendedorismo dos conglomerados franceses LVMH e Kering. Fortaleceu o sobrenome e nadou de braçada, enquanto os colegas mergulharam em gráficos modestos.
“Não há razões específicas, mas os empresários italianos de moda que estão indo bem nunca tentaram construir grupos porque estavam e estão convencidos de que devam se concentrar no desenvolvimento dos próprios negócios”, diz. Para ele, os franceses demonstram ser mais estratégicos.
A maneira de gerir os negócios moldou o estilo pessoal de Armani, sempre de preto, quase um belga minimalista se comparado à extravagante imagem de seus contemporâneos Gianni Versace (1946-2007) e Roberto Cavalli.
O desfile em Londres mostra também que o empresário está na ativa, tem os dois pés na estrada e que não deve se aposentar agora. A ver.
“Tenho a sorte de ter um trabalho pelo qual tenho paixão. O amor pelo que faço é a minha maior motivação para seguir em frente. Por que de eu deveria parar?”