ISABEL FLECK, ENVIADA ESPECIAL, E GUSTAVO URIBE NOVA YORK, EUA, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – No momento em que os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) votavam a possível suspensão da tramitação de uma segunda denúncia contra ele, o presidente Michel Temer disse, em entrevista em Nova York, que as acusações contra ele são “inverdades absolutas” e que não se preocupa “minimamente” com elas. “É claro que são inverdades absolutas, fruto talvez de um certo desejo de dizer que o Brasil está nesta ou naquela posição à corrupção. Mas o fato é que a corrupção está sendo combatida e isso dá mais segurança aos nossos investidores”, disse Temer em entrevista à agência Reuters, que foi acompanhada ao vivo por investidores americanos. Ao ser questionado diretamente sobre as denúncias, Temer, que foi gravado pelo sócio da JBS Joesley Batista, sugeriu que há uma caça às bruxas a políticos para implicá-los em delitos. “Quando você é presidente da República, presidente da Câmara dos Deputados (…) encontra pessoas que tiram fotos com você, recebe bilhetes de pessoas, pessoas convivem com você. Então pessoas que convivem com você muitas vezes praticam um ilícito qualquer, e se teve este contato, é porque o outro também é delituoso”, afirmou. Temer disse, contudo, que os investidores estrangeiros não devem mais se preocupar com o “fenômeno corruptor” diante do bom funcionamento das instituições. INVESTIDORES “Os investidores que forem para lá [hoje] não vão ter preocupações com o fenômeno corruptor”, disse, citando que os casos de corrupção envolveram “muitas empresas brasileiras, empresas até de grande porte, que se adaptaram a um determinado sistema e tiveram vários prejuízos em função disso”. “O investidor estrangeiro que vai para lá [Brasil], sabedor de que nós vivemos em uma democracia plena, que as instituições estão funcionando, vai com muito maior entusiasmo”, completou. Temer também se esquivou de falar diretamente sobre a Operação Lava Jato, dizendo que preferia não rotular uma ou outra operação -algo que só teria “apelo jornalístico”. “Eu não quero simbolizar se é Operação Lava Jato, se não é Operação Lava Jato. Essas coisas têm apenas apelo jornalístico, o que vale é a operação jurídica de como se apura estes ilícitos”, afirmou. O presidente disse que “não enfrentou um momento fácil” desde que chegou ao poder, tratando com uma “oposição radical” que leva as coisas “às últimas consequências”. “A oposição é muito organizada, e ela se organizou de uma maneira nos primeiros quatro, cinco, seis meses. Fez movimentos dos mais variados, e às vezes repercute até aqui no Brasil”, disse, querendo dizer “nos EUA”. “Estive num lugar agora e tinha três pessoas com uma faixinha ‘fora, Temer'”, disse.