SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Justiça da Bahia determinou nesta quarta-feira (20) o bloqueio de 5% da renda líquida mensal com a venda de bilhetes de transporte marítimo da CL Empreendimentos. A empresa é responsável pela lancha envolvida em um naufrágio que deixou 19 mortos na baía de Todos-os-Santos, nas proximidades de Salvador (BA). A decisão da Justiça atende a um pedido da Defensoria Pública do Estado para garantir o pagamento de futuras indenizações às vítimas. O sócio da empresa Lívio Garcia Galvão Júnior também teve os bens bloqueados. O valor bloqueado será depositado no último dia de cada mês em uma conta judicial. O não cumprimento da decisão da Justiça acarreta uma multa diária de R$1.000. Segundo a Defensoria Pública, esta primeira ação foi movida em favor de cinco vítimas do naufrágio atendidas em Salvador. Na próxima segunda (15), uma equipe da defensoria estará em uma unidade móvel de atendimento na praça Matriz, em Mar Grande, para coletar documentos para novas ações em benefício de cerca de cem pessoas. NAUFRÁGIO A lancha Cavalo Marinho 1 naufragou minutos depois de deixar o terminal marítimo, na baía de Todos-os-Santos, em agosto deste ano. Dezenove pessoas morreram, entre elas duas crianças. A embarcação fazia a travessia estimada em cerca de 40 minutos entre a cidade de Vera Cruz e a ilha de Itaparica, na capital baiana. Chovia muito e o mar estava agitado no momento do acidente. A viagem foi interrompida logo nos primeiros minutos, a cerca de 200 metros do terminal marítimo, quando fortes ondas atingiram a lancha e a deixaram de ponta-cabeça. Os passageiros foram jogados ao mar. “Uma primeira [onda] atingiu a embarcação, que ficou de lado e fez todos correrem pro lado oposto. Em seguida, uma segunda onda fez a embarcação virar”, conta o sonoplasta Edvaldo Santos, 51, morador da ilha de Itaparica que faz o trajeto diariamente para trabalhar em Salvador. Para Edvaldo, a impressão é de que a lancha estava muito lotada. A embarcação, com capacidade para 162 passageiros, levava um total de 124 pessoas, entre elas quatro tripulantes e quatro policiais militares. O percurso de barco é comum tanto para moradores da ilha que trabalham ou estudam em Salvador como para quem busca uma caminho mais rápido entre a capital e o litoral sul do Estado. Cerca de 5.000 pessoas navegam de um lado para o outro da baía todos os dias.