SILAS MARTÍ, ENVIADO ESPECIAL
CIDADE DO MÉXICO (FOLHAPRESS) – Uma forte pancada de chuva no fim da tarde tornou mais difícil o que parecia impossível. Socorristas tentavam até as primeiras horas da noite desta quarta-feira (20) retirar vítimas com sinais de vida dos escombros da escola Enrique Rébsamen, em Coapa, no extremo sul da Cidade do México.
Segundo a Marinha mexicana, seis alunos da escola estão presos entre duas lajes que caíram durante o terremoto de magnitude 7,1 que atingiu a região central do país.
Três teriam sobrevivido por ficarem embaixo de uma mesa de granito cujos pés de ferro não cederam, incluindo uma menina chamada Frida. Outras três estariam em outro ponto da construção.
Parte da instituição desabou com o tremor, matando pelo menos 21 crianças e cinco adultos. Héctor Méndez, um dos chefes das equipes de resgate, disse que, desde a noite de terça (19) só corpos foram removidos dos destroços do lugar onde houve o maior número de mortos na capital.
“Estamos usando os conhecimentos técnicos para remover escombros e estruturas. A dificuldade é o peso delas. Quando entramos debaixo, temos que fazer um trabalho muito artesanal, com muita experiência. Esse trabalho é feito à mão e demora.”
No caso, é como vasculhar um castelo de cartas. Qualquer movimento brusco pode ser fatal.
“Temos muita experiência e temos um código que é aceitar a morte para remover os vivos. Não podemos usar máquinas, porque se usamos máquinas podemos causar vibrações que podem levar a um desmoronamento”, diz Méndez. “Nosso trabalho é resgatar as vítimas vivas e também os mortos para entregar a seus familiares.”
Mas há divergências entre as equipes diferentes de resgate, algumas delas vindas de outros países. Uns acreditam que para acelerar o trabalho é preciso sim usar máquinas.
Na opinião de outros, esses instrumentos são necessários além das câmeras infravermelhas, capazes de visualizar movimentos no escuro, e sensores que já estão sendo usados.
“Faltam instrumentos de corte, com discos elétricos”, explicou Edgar Bortolini, um voluntário. “Também precisamos de insulina, mantas térmicas e outros mantimentos.”
Na entrada do que sobrou da escola, onde policiais fizeram um cordão de isolamento e voluntários se espremiam debaixo de lonas azuis, as informações eram desencontradas.
Enquanto a chuva caía com cada vez mais força, uns falavam no resgate de duas meninas vivas à tarde, enquanto outros desmentiam a informação.
De acordo com socorristas, a tempestade não abala os escombros, mas dificulta o ritmo dos trabalhos de resgate. A boa notícia é que o Centro de Prevenção de Desastres Naturais descartava a possibilidade de réplicas fortes.
Com informações de São Paulo.