SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa brasileira cedeu ao mau humor que predominou no exterior nesta sexta (22) com o aumento das tensões envolvendo a Coreia do Norte e interrompeu uma sequência de oito semanas seguidas de valorização. O dólar subiu, ainda sob impacto da sinalização de uma terceira alta de juros nos Estados Unidos neste ano.
O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas, teve queda de 0,28%, para 75.389 pontos. Na semana em que superou, pela primeira vez, os 76 mil pontos, o índice acumulou desvalorização de 0,5%, após oito semanas seguidas de alta.
O volume financeiro negociado no pregão foi de R$ 7,84 bilhões, enquanto a média diária do ano é de R$ 8,3 bilhões.
O dólar comercial fechou em baixa de 0,50%, para R$ 3,129. O dólar à vista recuou 0,25%, para R$ 3,127. Na semana, porém, o dólar comercial se valorizou 0,42%, enquanto o dólar à vista se manteve estável.
As preocupações envolvendo os testes de mísseis da Coreia do Norte voltaram a dominar as atenções dos investidores nesta sexta. O país asiático disse que pode testar uma bomba de hidrogênio sobre o oceano Pacífico.
A ameaça ocorreu após o presidente Donald Trump afirmar, na ONU, que os Estados Unidos podem ter de destruir o país asiático. Em resposta, o ditador Kim Jong-un afirmou que os EUA vão pagar caro.
“O dia foi de agenda fraca, com esse nervosismo envolvendo EUA e Coreia do Norte afetando um pouco nosso mercado”, afirmou Roberto Indech, analista-chefe da Rico Investimentos.
AÇÕES
Além desse cenário turbulento entre os países, as commodities também pressionaram em baixa a Bolsa nesta sexta. Os preços do minério de ferro recuaram 3,83%, após caírem 5,11% na quinta, em meio a uma demanda mais fraca pela commodity e ao rebaixamento da nota de crédito da China pela agência de classificação de risco S&P Global Ratings.
Os preços dos contratos futuros de aço e minério de ferro na China atingiram os menores patamares em várias semanas nesta sexta-feira e fecharam com as maiores perdas semanais em meses.
Com isso, as ações ordinárias da Vale caíram pelo quarto dia seguido e recuaram 1,85%, para R$ 31,91. As ações preferenciais fecharam em baixa pela quinta sessão, com queda de 1,93%, para R$ 29,47. As ações da CSN lideraram as perdas do Ibovespa, com recuo de 5,08%.
As ações da Petrobras tiveram leve alta, acompanhando o aumento dos preços do petróleo no exterior. As ações preferenciais subiram 0,13%, para R$ 15,69. Os papéis ordinários avançaram 0,12%, para R$ 16,20.
No setor financeiro, as ações do Itaú Unibanco subiram 0,35%. Os papéis preferenciais do Bradesco se desvalorizaram 0,25%, e os ordinários subiram 0,03%. As ações do Banco do Brasil caíram 0,62%, e as units -conjunto de ações- do Santander Brasil avançaram 2,06%.
A Cemig teve queda de 2,80%. A estatal mineira informou que vai recorrer à Justiça para evitar que quatro hidrelétricas que eram da empresa sejam leiloadas na próxima quarta (27).
DÓLAR
A possibilidade de uma terceira alta de juros nos Estados Unidos neste ano provocou a valorização do dólar na semana. Nesta sexta, porém, as tensões no exterior provocaram o enfraquecimento da divisa americana. O dólar perdeu força ante as 31 principais moedas do mundo.
“O tom da semana foi dado pelo exterior. A sinalização do banco central americano foi o que mais influenciou o dólar nesta semana e fez a moeda testar o patamar de R$ 3,15, mas isso não se manteve”, afirma Felipe Pellegrini, gerente de tesouraria do Banco Confidence.
Para ele, o otimismo com os dados econômicos brasileiros deve fazer o dólar rondar os R$ 3,10, embora eventuais revezes no encaminhamento da reforma da Previdência tenham capacidade de pressionar o câmbio para cima.
Nesta sexta, o BC vendeu a oferta de até 12 mil contratos de swap cambial tradicional (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). Os contratos vencem em outubro. Até agora, o BC rolou US$ 3,6 bilhões do total de US$ 9,975 bilhões que vence no mês que vem.
O CDS (credit default swap, espécie de seguro contra calote) do Brasil recuou 1,04%, para 201,4 pontos.
No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados fecharam em queda. A taxa do contrato com vencimento em janeiro de 2018 recuou de 7,565% para 7,545%. A taxa para janeiro de 2019 caiu de 7,300% para 7,270%.