O ex-presidente Lula tentou subornar a Polícia Federal quando esteve em Curitiba há poucos dias? Sérgio Moro será o entrevistado de hoje em um importante programa de TV? O site Câncer de Mama precisa de cliques para não sair do ar? A menina cega irá receber dez centavos cada vez que você compartilhar a mensagem? A fábrica de automóveis vai sortear um zero quilômetro entre as pessoas que compartilharem a propaganda? Auto lá! Isso tudo faz parte do maior veneno que a internet tem produzido: a proliferação de boatos.
Muitas dessas histórias tentam conquistar os leitores despertando neles a indignação política, a compaixão ou a ganância. É preciso estar atento, pois quem espalha boato pode ser responsabilizado civil e penalmente – ou seja, tornar-se corresponsável pela pulverização da mentira, que muitas vezes é danosa à honra de pessoas.
No caso da falsa informação de que o ex-presidente Lula teria tentado subornar a Polícia Federal, por exemplo, colocam em questão a própria idoneidade de servidores da PF que estão à frente de investigações importantes, como a Lava Jato. Já na história do site de combate ao Câncer de Mama, o pedido para que as pessoas entrem no site e cliquem no banner pode até prejudicar a instituição, pois é um clique que não gera interação. Mas, pelo fato de as mensagens trazerem um tom alarmista, acabam tocando o emocional das pessoas e provocando-as a compartilhar a informação.

Dicas
1) Informações imprecisas: erros de português ou de grafia, datas incompletas, como ontem, nesta semana etc são comumente usadas em falsas mensagens. Confira também os nomes das pessoas citadas – no caso daquela mensagem sobre suborno à PF, por exemplo, era citado errado o nome do delegado Igor Romário de Paula, como se fosse Igor Cardoso. O denunciante se apresenta como Talysson, se dizendo servidor da PF, mas não há ninguém com este nome na Polícia Federal. A mesma mensagem traz várias outras informações equivocadas – como a citação de que o japonês da Federal teria sido preso por causa de sua atuação na Operação Lava Jato, quando, na verdade, ele foi preso por causa de outra operação anterior.

2) Respaldo de instituições conhecidas: muitas vezes as falsas mensagens tentam aparentar credibilidade citando dados (igualmente falsos) de instituições, pesquisas de órgãos conhecidos, dizem que o assunto foi tema de reportagem em algum programa conhecido de TV ou rádio.

3) Tom alarmista: quanto mais apelativa, urgente ou alarmista for a informação, mais você deve desconfiar. As falsas mensagens têm esse tom de emergência exatamente para levar as pessoas a agirem por impulso e compartilharem a informação. Não caia nessa!
4) Repasse a todos os seus contatos: esta é mais uma pegadinha das falsas mensagens. Sempre que houver este apelo para que você compartilhe a informação, desconfie!

 

Sempre que você se deparar com mensagens que tenham algumas das armadilhas acima, evite repassar, mesmo que você tenha a impressão de que poderia salvar vidas com seu clique. Na dúvida, acesse sites especializados em desmascarar essas falsas notícias, como o boatos.org ou o e-farsas.com. Outra forma rápida de checar a veracidade colocar o título ou as palavras principais da mensagem no Google, que já vai ser possível fazer uma breve pesquisa, que não dura mais que um minuto. Isso sim, pode até salvar vidas – e preservar sua credibilidade na rede.