São diversos os problemas a serem enfrentados no tocante à violência contra crianças e adolescentes. No nível cultural, por exemplo, marca presença ainda a noção de que pai e mãe podem fazer o que querem com seus filhos. No âmbito educacional, a falta de tempo, de paciência e o stress do dia a dia também são um problema para os pais, que acabam não passando valores adequados aos filhos.
Mas quiçá nenhum problema seja tão grave quanto o abandono emocional, com um número crescente de pais trocando os momentos com os filhos, que deveriam ser sagrados, para navegar em redes sociais, por exemplo. Há hoje uma terceirização do cuidar. Os pais deveriam valorizar os momentos com os filhos, mas estão perdendo o prazer de cuidar, de ver a evolução dos filhos, e com isso estão também perdendo chances. Estamos criando uma geração de depressivos, alerta Luci Pfeiffer.
Um traço marcante desses casos de violência, contudo, é a trajetória dos pais/agressores.100% dos pais agressores repetem sua história sem perceber, porque é difícil questionar a educação que teve. Para cada história de violência da criança tem uma ou duas histórias dos responsáveis, comenta a pediatra. 
A criança sempre traz a culpa para si porque vê os pais como santos. Por isso, e já que não podemos reescrever nossa história, devemos ao menos nos esforçar para relê-la.