Osmar Dias já declarou que será candidato ao governo do Paraná. Mas até as pedras do Centro Cívico sabem que ele não vai disputar o Palácio Iguaçu pelo PDT – seu atual partido. Entre os motivos, cito alguns: pouca representatividade no Paraná, principalmente em Curitiba – o maior colégio eleitoral do Estado –, a ligação intrínseca com o PT, por conta da aliança feita por Gustavo Fruet (PDT) quando disputou e venceu em 2012 a eleição para a prefeitura da capital, e a falta de nomes de peso da legenda que impulsione a votação de Osmar.
Diante disso, aliás, todos estes fatos são de plena ciência do candidato, Osmar Dias tem procurado um novo ninho. Dois partidos abriram suas portas: o PSB e o Podemos, cuja figura central é o senador Alvaro Dias, irmão de Osmar. O primogênito tem pressionado Osmar a ingressar no novo partido, mas ele segue reticente.
Esta indefinição entre PSB e Podemos tem irritado aliados do pedetista. É unânime a sensação que Osmar Dias tem perdido terreno para o principal opositor, o deputado estadual e até pouco tempo Secretário de Desenvolvimento Urbano (Sedu), Ratinho Júnior (PSD). Sem uma legenda, não há programa de governo, não há conversas sobre aliança, sobre tempo de televisão, montagem de equipe, reuniões com lideranças, com vereadores, presidentes de Câmaras, deputados estaduais e federais e com o governador Beto Richa (PSDB). Osmar sequer pode oferecer a vaga ao Senado Federal – posto que será usado como moeda de troca no momento de definir quais as legendas o apoiarão. Na prática, usando o português claro, Osmar Dias está estagnado. Reuniões pouco expressivas. Recentemente, colocou no ar uma página nas redes sociais, mas com interação extremamente tímida e com pouco alcance. Tem falado para ninguém.
Este dilema nos faz relembrar o filme A Escolha de Sofia, em que uma mãe presa num campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial é forçada pelos nazistas a escolher um dos seus filhos para ser morto e, caso recusasse, ambos seriam sacrificados. A Escolha de Osmar não é tão trágica, mas mostra um traço da personalidade do candidato. E pior, esta inércia só favorece Ratinho Júnior, que costurou as alianças com dezenas e dezenas de prefeitos do interior do Estado quando ainda era secretário de Estado. Agora, como deputado estadual, tem intensificado as agendas no interior, percorrendo todo o Paraná. Sem falar, no provável apoio do governador Beto Richa e do prefeito Rafael Greca – conversas que estão adiantadas.
Se continuar no campo teórico, restará a Osmar Dias fazer aliança com legendas nanicas, que pouco somam, tanto em tempo de televisão quanto em votos nas urnas, além do PMDB de Requião e o PT de Gleisi Hoffmann – aliás, estes dois companheiros e aliados históricos, basta lembrar as eleições de 2006 e 2010. Na primeira, o adversário era Roberto Requião que acabou eleito com pouco mais de 10 mil votos. Osmar colou no presidente Lula (PT), na época, só arranhado pelo escândalo do Mensalão. E na mais recente, Osmar teve Requião como candidato ao Senado e novamente se apoiou no PT, um pouco mais desgastado, mas longe do atual cenário, e acabou sendo derrotado pelo atual governador.
Após a escolha do partido, os aliados de Osmar ainda preveem mais uma encruzilhada: a definição do vice. E o assunto é para lá de traumático. Em 2006, o escolhido foi Derli Donin, do PP. O adversário, no caso Requião, deitou e rolou. Expunha diariamente no programa eleitoral a frase: Quem vota em Osmar, vota em Donin. Tinha explicação. Donin respondia a oito ações civis públicas por diversos crimes: enriquecimento ilícito, fraude em licitações, danos ao patrimônio público e formação de quadrilha. Este é um dos motivos que Osmar Dias atribui a derrota apertada ao governo em 2006.
Na eleição de 2010, o vice não atrapalhou tanto. Era o peemedebista Rodrigo Rocha Loures, que hoje está enrolado até o pescoço com a suspeita de receber dinheiro ilegal da JBS a mando do presidente Michel Temer. Diante do retrospecto, a escolha do vice de Osmar será mais uma novela.
Enquanto não se decide, os adversários vão ganhando terreno. E, lá em outubro de 2018, Osmar Dias pode se arrepender desta estagnação. Aliados, por ora, são poucos, mas esta demora é reclamada por quase todos eles. Comenta-se que nos próximos dias a primeira escolha será feita. Garantem que o destino de Osmar Dias será o ninho do irmão, o Podemos.
Falando em vice… de olho em Eduardo Pimentel
Por enquanto são só alguns poucos comentários, mas de pessoas que entendem do riscado. Eduardo Pimentel, atual vice-prefeito de Curitiba, pode entrar na eleição de 2018. Ele daria um upgrade. Disputaria a vice numa das chapas ao governo do Estado. Eduardo não tem nada a perder. Se licenciaria da prefeitura, sem qualquer ônus, para disputar a eleição com a certeza que, em caso de revés, reassumiria o cargo no dia seguinte. Neto do ex-governador Paulo Pimentel, Eduardo tem um passado sem máculas, é jovem, bem articulado e goza da extrema confiança do governador Beto Richa – maior cacique do PSDB paranaense. Não estranhe se a condição do PSDB embarcar em uma das campanhas posta no xadrez eleitoral seja, além da vaga ao Senado para Beto, a vice tendo Eduardo Pimentel como indicação. Deixemos o tempo e as conversas políticas sobre 2018 passarem.