Há quem diga que o papel-moeda está com seus dias contados. Não à toa, para qualquer comerciante é essencial contar com uma máquina de cartão de crédito ou débito, cujo uso é cada vez mais banal — somente em 2016, segundo o Banco Central, foram 12,7 bilhões de operações no país. E depois do comércio, agora é vez das igrejas se atualizarem e passarem a oferecer a facilidade aos fiéis na hora de pagar o dízimo.

Criado por três amigos de Dois Vizinhos, município do Sudoeste paranaense, a startup Dízimo Fiel já é um sucesso nacional, com presença em doze estados.

Parecido com uma típica máquina de débito e crédito, a novidade permite o pagamento do dízimo com cartões de débito e crédito, além de imprimir um recibo que identifica quem doou e o quanto para a igreja. Até o final do ano será possível realizar o pagamento online, via aplicativo.

De acordo com Marcos Leandro Nonemacher, um dos fundadores da startup, a ideia de criar o Dízimo Fiel surgiu quando ele e dois colegas trabalhavam ajudando uma paróquia de Dois Vizinhos numa quermesse. Percebemos a dificuldade que as pessoas estavam tendo, assim como a igreja, porque era difícil controlar o dinheiro que entrava e saía além do gasto para emissão de comprovantes de pagamento.

Foi quando surgiu, ainda de forma preliminar, o que viria a se tornar o aplicativo. Utilizado inicialmente nas festas da igreja, logo a novidade foi sugerida como solução também para o dízimo.

Foi então que desenvolvemos um softweare acoplado à maquininha que facilitasse esse processo de pagamento do dízimo, proporcionando segurança e transparência para todo esse processo, diz Marcos.

Embora tenha surgido no contexto das igrejas católicas, a start-up também já atende outras denominações religiosas, tendo como diferencial em relação às máquinas comuns o fato de já ter sido personalizada e desenvolvida para as igrejas, com os pagamentos caindo direto nas contas bancárias das instituições, sem intermediários, com desconto apenas da taxa de manutenção cobrada pelas operadoras de cartão, enquanto a startup é remunerada mensalmente pelas igrejas.


Segurança e transparência, além de defesa da não ‘mercantilização da fé’

Segundo Marcos Nonemacher, a maioria do público aceitou bem a novidade, embora algumas críticas tenham surgido, o que ele considera como natural. Assim como outras tecnologias disruptivas, a exemplo do Uber, sempre vão surgir críticas, o que entendemos como natural. Há um processo de adaptação em relação a essa própria mudança cultural de se utilizar cartões, e não dinheiro, aponta.
Ainda segundo o fundador da startup, o principal intuito do Dízimo Fiel é proporcionar segurança e transparência às igrejas e seus fiéis, e de forma alguma é no sentido de mercantilizar a fé. A moeda em espécie está cada vez mais escassa, as pessoas até evitam andar com dinheiro físico por questão de segurança. Estamos apenas acompanhando essa mudança tecnológica.


Padre da paróguia elogia tecnologia: ‘Veio facilitar para a gente’

A primeira instituição a adotar a novidade tecnológica foi a Paróquia Santo Antônio de Pádua, de Dois Vizinhos. E o padre Deoclézio Wigineski é só elogios à novidade, que já é utilizada há cerca de três anos em eventos como Festa do Padroeiro, venda do churrasco e quermesse, e há um ano na devolução do dízimo. Facilitou muito nos eventos, eliminando toda a questão de ficha, de papel. É só a maquininha, que emite um pequeno recibo do pedido e aquilo vai para os caixas, ond eles pegam o que querem de alimento. Chega no final da noite, recebemos um relatório completo dizendo tudo que foi vendido, explica o pároco.
Deu uma grande segurança, transparência, agilidade e mais confiança às pessoas também, finaliza.