GIULIANA MIRANDA
LISBOA, ESPANHA (FOLHAPRESS) – Uma nova série de incêndios florestais deixou pelo menos 35 mortos nas regiões do centro e do norte de Portugal. Na vizinha Espanha, ao menos quatro pessoas morreram devido ao fogo.
Segundo autoridades portuguesas, uma das vítimas é um bebê de um mês que estava desaparecido na cidade de Tábua (cerca de 200 km ao norte de Lisboa). Há ainda aproximadamente 50 feridos, sendo 15 em estado grave, e sete desaparecidos.
O clima seco e os ventos fortes ajudaram a espalhar as chamas durante a madrugada de segunda (16). De acordo com a Defesa Civil portuguesa, registrou-se no domingo (15) a maior quantidade de incêndios em todo o ano: 524 ocorrências.
Durante o dia, o país chegou a ter 110 focos de incêndios florestais. À noite, o número caiu para cerca de 50, segundo os bombeiros.
Como há diversas localidades onde as chamas ainda estão descontroladas, é possível que o total de vítimas continue a subir.
“Estamos chegando agora a áreas afetadas. Há pessoas com quem os familiares não conseguiram entrar em contato. É possível que haja zonas que não tenham sido completamente reconhecidas”, disse Patrícia Gaspar, porta-voz da Proteção Civil.
Em todo o país, há mais de uma dezena de estradas fechadas devido ao fogo descontrolado. Em uma delas, as chamas destruíram até as cabines de pedágio. A região de Coimbra, no centro lusitano, foi uma das mais afetadas.
A nova tragédia acontece quatro meses após uma outra sucessão de incêndios de grandes proporções ter deixado 64 mortos e mais de 200 feridos em Pedrógão Grande e regiões vizinhas, também no centro do país.
PRESSÃO POLÍTICA
O novo incêndio volta a ter implicações políticas no governo do primeiro-ministro socialista António Costa.
As críticas à ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, pela demora nas ações de combate e resposta à incêndio, têm cada vez mais eco entre políticos, na imprensa e nas redes sociais.
Em conversa com jornalistas na segunda (16), Urbano de Sousa demonstrou irritação ao comentar sua possível demissão.
“Para mim, pessoalmente, [a demissão] seria o caminho mais fácil. Ia-me embora, teria as férias que não tive. E isso iria resolver o problema?”, questionou.
“Infelizmente, a prevenção estrutural e a da floresta não se fazem de um dia para o outro, nem de um ano para o outro”, completou.