Armadilhas fotográficas instaladas em uma propriedade particular de Palmeira, no interior do Paraná, registraram a presença de uma jaguatirica (Leopardus pardalis). A área preserva remanescentes de Floresta com Araucária – ecossistema associado ao bioma Mata Atlântica e do qual resta hoje no Paraná apenas 0,8%. A jaguatirica é o terceiro maior felino das Américas, podendo medir até 1,35 metro de comprimento total.

Segundo Alessandra Xavier, técnica da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), as jaguatiricas foram vítimas da caça para o comércio de peles por muito tempo, mas hoje sofrem principalmente com a destruição e fragmentação das áreas de vegetação nativa, habitat natural desses animais. A espécie pode ser encontrada em todos os biomas brasileiros, mas a população tem apresentado uma queda preocupante nas regiões de Mata Atlântica, alerta Xavier.

A técnica destaca a preocupação gerada pelo Projeto de Lei 527/2016, que tramita na Assembleia Legislativa do Paraná e prevê uma redução de 70% na Área de Proteção Ambiental (APA) da Escarpa Devoniana. A APA se estende por 12 cidades do estado, incluindo o município de Palmeira. A redução das áreas de Floresta com Araucárias e Campos Naturais tem aproximado esses animais das fazendas, onde eles acabam sendo mortos por atacarem animais domésticos; ou das estradas, onde o número de atropelamentos é enorme, lembra a técnica.

A propriedade onde a jaguatirica foi encontrada recebe o acompanhamento da SPVS desde 2011, quando foi adotada pelo Programa Desmatamento Evitado. Com o apoio da empresa JTI, a área de vegetação nativa deve ser transformada em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) ainda em 2017.

 

 

Palmeira rejeita projeto de redução da APA

O município de Palmeira foi o primeiro a se posicionar contra o Projeto de Lei que reduz a APA da Escarpa Devoniana. A decisão quase unânime dos moradores foi tomada em audiência pública convocada pela prefeitura da cidade em agosto.

A formação geológica que corta o estado do Paraná divide o primeiro e o segundo planaltos paranaenses. A Escarpa Devoniana abriga remanescentes de vegetação nativa associada à Mata Atlântica e afloramentos rochosos importantes como o Canyon do Guartelá e o Buraco do Padre.