TAÍS HIRATA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com a venda das distribuidoras hoje controladas pela Eletrobras, a perspectiva é ampliar o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) da empresa em R$ 1,1 bilhão por ano, afirmou o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior.
O executivo falou nesta quarta-feira (18) a empresários sobre as medidas em curso para a privatização da companhia. A venda das distribuidoras deverá ocorrer antes da privatização.
A intenção é diluir a participação da União, que hoje detém, diretamente e via BNDES, 60% da empresa.
“Isso é uma trava para a companhia. A ideia é democratizar o capital da Eletrobras”, afirmou o executivo, que expôs uma série de medidas previstas até a metade de 2018.
Há seis distribuidoras que deverão ser vendidas: a Amazonas Distribuidora de Energia, a Boa Vista Energia, a Companhia de Eletricidade do Acre, a Companhia Energética de Alagoas, a Companhia de Energia do Piauí e as Centrais Elétricas de Rondônia.
Além disso, há a previsão de reduzir as SPEs (sociedades de propósito específico) de 178 para 48. Parte delas serão vendidas, e outra parte, fechadas ou incorporadoras à controladora.
Outro objetivo é reduzir o endividamento da empresa, que já atingiu o patamar de 8,8 de alavancagem (dívida da empresa dividida pela sua geração de caixa), no ano passado, e deverá chegar a 3,3 até o fim deste ano. Hoje, o nível está em 4,7, segundo o executivo.
“Empresas de infraestrutura são tipicamente alavancadas. Considera-se que o nível ideal para esse setor gira entre 2,5 e 3 vezes de alavancagem. Com a venda das distribuidoras e SPEs, nosso patamar estará abaixo de 3.”
A expectativa é arrecadar entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões, que ajudariam a conter o deficit nas contas públicas em 2018. Hoje, o valor de mercado é de R$ 20 bilhões.
Há uma disputa entre Fazenda e Ministério de Minas e Energia sobre o que fazer com um terço de todo o valor arrecadado no processo: enquanto MME pede que o valor seja aportado na Eletrobras, a Fazenda avalia que deixar os recursos com a empresa, de capital misto, seria o mesmo que fazer uma doação aos acionistas privados.
DESCONTROLADAS DA ELETROBRAS
Entre os motivos apresentados para a situação difícil da empresa, o presidente apontou a renovação de concessões de usinas a tarifas mais baixas, em 2012, o que derrubou em 20% a receita no ano.
Além disso, mencionou o endividamento da empresa, os problemas de governança e conformidade e o baixo grau de eficiência, com taxas baixas de retorno e falta de coordenação entre holding e empresas controladas.
“A Eletrobras é conhecida por suas descontroladas. Elas têm seus próprios planos, não há alinhamento estratégico.”