AMANDA NOGUEIRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Fiz 40 anos recentemente e este foi um dos momentos mais profundos da minha vida”, diz John Mayer durante o quarto capítulo do show que fez no Allianz Parque na noite desta quarta (18).
O músico, que retorna ao país com a turnê de seu álbum mais recente, “The Search for Everything”, fez aniversário na segunda (16), quando desembarcou no Rio de Janeiro, para onde volta para realizar na sexta (27) a última apresentação dessa passagem.
“Tome cuidado com a espera para que muita coisa acabe, nunca deseje menos tempo, esperar que algo acabe é apenas desejar menos tempo”, continuou ele, citando um voo longo ou um congestionamento de carros como exemplos de momentos que as pessoas almejam o fim.
“Antes que você perceba, fez 40 anos e isso será lindo, mas desse ponto em diante as memórias assumem uma vida completamente diferente, e o futuro assume uma vida completamente diferente”, diz, antes de cantar “Dear Marie”, composição embebida de nostalgia.
Em entrevista à reportagem, por telefone, o cantor já havia se mostrado reflexivo sobre a idade. “Estou aqui há tempo suficiente para que uma criança que me escutava há dez anos seja hoje um artista, é como plantar uma semente e vê-la crescer, é um efeito natural do tempo”, disse na ocasião.
Os fãs foram preparados e, logo no início da noite, após a abertura com “Helpless” e “Moving On and Getting Over”, ambas do álbum mais recente de Mayer, cantou parabéns ao ídolo, jogando balões rosas.
O show também teve outros momentos de descontração. Algumas músicas antes do discurso, Mayer fez o estádio parcialmente cheio cair no riso com uma coreografia de sarradas no ar. “Alguém me ensinou isso hoje”, disse.
Não foi a única vez que o músico tentou retribuir os agrados dos fãs brasileiros. Como já fez no passado, Mayer adaptou a letra de “Who Says” —que menciona as cidades americanas Nova York, Baton Rouge e Austi— para contemplar São Paulo. “Gostaria de voltar para cá para o resto da minha vida”, disse.
Grande novidade do show, a divisão da apresentação em capítulos era anunciada no telão, cuja paisagem tropical estampada nele anoitecia conforme a progressão das faixas. Na prática, o artifício proposto pelo músico considerando o novo modo de consumo de entretenimento, fragmentado, não surtiu muito efeito na percepção temporal da noite. Tampouco serviu para organizar de forma cronológica o repertório.
Os sets foram separados por formação: com a banda inteira (capítulos 1 e 4), incluindo faixas como “Something Like Olivia” e “Slow Dancing in a Burning Room”; acústico (capítulo 2), quando Mayer tocou “Emoji of a Wave”, “Daughters” e “Free Fallin”, homenagem a Tom Petty; e com seu famoso trio (capítulo 3), momento em que pesaram as guitarras em covers de “Every Day I Have the Blues”, composição de Pinetop Sparks que foi gravada por B.B. King, e “Cross Road Blues”, de Robert Johnson.
Após os quatro blocos principais, o cantor voltou para cantar “Waiting On The World To Change” e “Gravity”, a última acompanhada por luzes de celulares e backing vocals afinados, ovacionados pelo público.
O show debanda no capítulo 5, ou “epílogo”, como chamou o músico. Diferentemente de apresentações anteriores, nas quais o artista foi ao piano tocar “You’re Gonna Live Forever In”, Mayer optou por rodar um trecho pré-gravado da canção conforme exibia um vídeo com os créditos da equipe no telão.

Confira o setlist:
CAPÍTULO 1: Com a banda inteira
“Helpless”
“Moving On and Getting Over”
“Something Like Olivia”
“Changing”
“Why Georgia”/”No Such Thing”/”Why Georgia”
CAPÍTULO 2: Acústico
“Emoji of a Wave”
“Daughters”
“Free Fallin'”, de Tom Petty
CAPÍTULO 3: Trio
“Every Day I Have the Blues”, de Pinetop Sparks
“Cross Road Blues”, de Robert Johnson
“Who Did You Think I Was”
“Vultures”
CAPÍTULO 4: Novamente com a banda
“Queen of California”
“In the Blood”
“Slow Dancing in a Burning Room”
“Who Says”
“Dear Marie”
Bis:
“Waiting On The World To Change”
“Gravity”
CAPÍTULO 5: Epílogo
“You’re Gonna Live Forever In”