SÓ PODE SER REPRODUZIDA NA ÍNTEGRA E COM ASSINATURA
MARINA GALEANO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um comercial de margarina interrompido por um drama familiar. A grosso modo, esse é o resumo da vida de Ben Morton (Jonathan Patrick Moore) e Ava Kennedy (Erin Bethea) em “Uma Razão para Recomeçar”.
Amigos desde a infância, os dois se descobrem alma-gêmeas ainda na adolescência e, apesar das turbulências no período do namoro à distância, trocam juras de amor eterno na fase adulta.
Eis a primeira derrapada do longa-metragem dirigido por Drew Waters. A introdução da trama acontece numa velocidade tão acelerada, que não dá tempo de se envolver de fato com o romance perfeitinho experimentado por Ben e Ava.
A falta de química entre os atores principais também não ajuda. Não há espontaneidade nos diálogos ou nos gestos -sempre mecânicos e contidos. Ninguém parece muito à vontade em seu respectivo papel.
Os personagens coadjuvantes tampouco acrescentam. Na pele de Charles, o veterano Bill Cobbs surge do além para virar o conselheiro do mocinho da história com um festival de frases prontas. A presença de Monique Marceau (interpretada por Kelsey Formost), amiga de Ava, só é notada por causa de um grotesco sotaque francês.
Diante dos tropeços, fica difícil abraçar a proposta despretensiosa do filme: trazer um relato sincero e convincente sobre o cotidiano de um casal apaixonado que enfrenta os mesmos perrengues que qualquer outro. Desgaste devido ao excesso de trabalho, dificuldade para engravidar, uma grave doença etc.
Falando em doença, não é preciso grandes esforços para adivinhar aonde o roteiro vai desembocar. A harmonia conjugal inabalável de Ben e Ava denuncia que algo bastante sério está prestes a ocorrer. É tudo muito óbvio.
Como o filme inteiro, aliás. Sem um enredo maior, a narrativa se apoia em clichês do início ao fim. Alguns funcionam, alguns não servem de nada -exceto para reforçar a mensagem (clichê) de superação embutida na trama. A fotografia segue linha semelhante e não sai do arroz com feijão.
Amarrado à superfície, o romance assinado por Waters é mais água do que açúcar -inodoro, insípido e incolor. Apenas uma história de amor bonitinha como tantas outras, porém conduzida por personagens inexpressivos e pouco cativantes.
Embora recheado de boas intenções, a verdade é que “Uma Razão para Recomeçar” não consegue dar ao espectador uma razão forte o suficiente para valer a ida ao cinema.

UMA RAZÃO PARA RECOMEÇAR (ruim)
(New Life)
DIREÇÃO Drew Waters
ELENCO Jonathan Patrick Moore, Erin Bethea e Terry OQuinn
PRODUÇÃO EUA, 2016, 10 anos
QUANDO estreia nesta quinta (19)
AVALIAÇÃO ruim