SÓ PODE SER REPRODUZIDA NA ÍNTEGRA E COM ASSINATURA
THALES DE MENEZES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Aos 41 anos, a atriz americana Reese Witherspoon precisa tomar cuidado para não se transformar em uma Doris Day de sua geração, lembrando a estrela que nos anos 1950 e 1960 se tornou protagonista constante de comédias românticas açucaradas, sempre no papel de virgem sonhadora.
Bem, Reese já ganhou um Oscar com um desempenho dramático realmente bom como a cantora country June Carter em “Johhny & June” (2005). E inclui tranquilamente cenas de sexo em suas comédias românticas, como esta “De Volta para Casa”, que está nos cinemas, mas tem pegada de “Sessão da Tarde” na TV.
Decoradora meio fora de forma porque largou a carreira para criar as duas filhas, Alice Kinney se separa do marido produtor musical (o talentoso ator galês Michael Sheen) e troca Nova York por uma volta a Los Angeles, onde nasceu em berço cinematográfico.
Ela é filha de um premiado e admirado diretor de cinema. Está de volta à casa dele, que já morreu, e preserva num quarto seus prêmios (até um Oscar), cartazes e rolos de filmes, roteiros impressos e mais lembranças.
No dia de seu 40º aniversário, conhece um homem bem mais jovem e o leva para casa, dormindo com ele. Ao acordar, descobre que os dois amigos dele vieram junto e estão dormindo na sala. O trio veio para a cidade tentar vender seus projetos de cinema e não tem mais onde ficar.
Os rapazes acabam se enturmando com as filhas adolescentes de Alice e com a mãe dela, atriz veterana venerada pelo trio (e interpretada pela musa dos anos 1970 Candice Bergen). Os jovens são uns fofos e ajudam as garotas com seus problemas típicos da idade. E Harry (Pico Alexander) engata de vez um romance com a dona da casa.
Tudo vai bem até que o marido viaja a Los Angeles para tentar uma reconciliação, e sua presença transforma o dia a dia na casa numa tensa disputa por Alice, o que acaba afetando também suas filhas.
Resumindo o roteiro assim, pode parecer um filme antiquado, de humor comedido. Mas a diretora estreante Hallie Meyers-Shyer parece ter genes que a ajudaram a criar um filme esperto, divertido e que ganha o espectador nos detalhes.
Ela é filha de Nancy Meyers, diretora que sabe bem como fazer comédias cativantes. Ela dirigiu, entre outros, “O Amor Não Tira Férias” (2006), com Jude Law, Cameron Diaz e Kate Winslet, e “Um Senhor Estagiário” (2016), com Robert De Niro e Anne Hathaway. Seu pai também é do ramo: Charles Shyer, diretor de “O Pai da Noiva” (1991), com Steve Martin.
O filme tem, acima de tudo, Reese Witherspoon e seu ótimo tempo para comédia. É mesmo uma atriz de muitos recursos, como mostrou na recente minissérie de TV “Big Little Lies”, na qual dividiu muito bem o trabalho pesado com Nicole Kidman.
Incapaz de mudar a vida de alguém, “De Volta para Casa” é apenas entretenimento genuíno, inteligente. Para assistir, rir, lembrar dele por alguns dias e esquecer.

DE VOLTA PARA CASA (bom)
(Home Again)
DIREÇÃO Hallie Meyers-shyer
ELENCO Reese Witherspoon, Pico Alexander, Michael Sheen, Candice Bergen
PRODUÇÃO EUA, 2017, 12 anos
QUANDO estreia na quinta (19)
AVALIAÇÃO bom