SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Em entrevista ao jornal “O Globo”, Marcus Vinícius Freire, ex-diretor executivo do COB (Comitê Olímpico do Brasil), disse que acredita que a dívida do Comitê Rio-2016 é muito maior do que os R$ 132 milhões divulgados pela entidade. Mesmo assim, o dirigente, hoje CEO do Fluminense, se disse surpreso pela prisão de Carlos Arthur Nuzman.
Questionado sobre a possibilidade de o Comitê Rio-2016 conseguir pagar sua dívida, Freire disse achar improvável.
“Para mim, ela é muito maior do que estão falando. E não acho. O COB será o herdeiro dessa dívida. Edson Menezes, que é meu amigo, aliás, era ex-diretor financeiro do COB e agora está à frente do Rio-2016. Disse que acha que entrou em uma roubada. Mas já era sabido, né?”, declarou.
Mesmo com o problema, o dirigente do Fluminense se surpreendeu com a prisão de Nuzman. Freire se disse surpreso com a informação da suposta compra de votos para que o Rio de Janeiro fosse eleito sede das Olimpíadas de 2016.
“Participei da campanha, mas não profundamente, entrei depois que o COB ganhou os Jogos Olímpicos, em 2009. E nunca ouvi falar nessa história de pagar por voto, até porque éramos os mais pobres dos quatro candidatos. Era mais fácil Japão ou Estados Unidos pagarem. Mas, me entristece… Pô, sou gaúcho, cheguei no Rio com 13 anos. Meu pai ligou para o Nuzman e falou: ‘Meu filho está na rodoviária. Estou mandando para a seleção infanto (de vôlei). Cuida do cara aí’. Espero que ele consiga se defender, mas o dia a dia tem mostrado o pior, né? Porque tem saído outras coisas… Acho que vai complicar”, afirmou.
Para o ex-COB, o Rio seria eleito mesmo sem os votos que supostamente foram comprados.
“Matematicamente sim. A estratégia do Brasil era se salvar na primeira rodada. Esse corte seria o pior dos mundos. E na última votação tínhamos 20 votos a mais. Teríamos de ter comprado mais do que um voto”, opinou.