SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Lupita Nyong’o contou ter sido assediada pelo produtor cinematográfico Harvey Weinstein em várias ocasiões após ele ser acusado de assédio sexual e estupro por dezenas de mulheres.
Ela ganhou o Oscar em 2014 por “12 Anos de Escravidão”, filme produzido pela empresa de Weinstein. Nyong’o foi a primeira atriz queniana-mexicana a ganhar um Oscar de melhor atriz coadjuvante.
Em um longo relato publicado pelo jornal “The New York Times”, a atriz deu detalhes dos episódios de assédio. Ela conta que conheceu Weinstein durante o Festival de Cinema de Berlim e, pouco tempo depois, ele a teria convidado para assistir um filme em sua casa.
Na ocasião, o produtor pediu para massagear as costas da atriz, mas Nyong’o se ofereceu para massageá-lo por achar mais seguro.
“Eu entrei em pânico por um momento”, conta. “Eu achei [que massageá-lo] me permitiria estar no controle e saber onde suas mãos estavam durante todo o tempo.” A atriz diz que foi embora da residência após Weinstein tentar tirar suas calças.
Em outra ocasião, o produtor teria feito propostas sexuais a ela e dito que ela deveria estar disposta a fazer esse tipo de coisa se quisesse ser uma atriz.
“Me senti muito sozinha quando essas coisas aconteceram e me culpei por isso, bem como muitas das outras mulheres que compartilhavam suas histórias”, disse.
ELAS CONTAM O QUE ELE FEZ
Gwyneth Paltrow
Paltrow, aos 22, foi contratada por Harvey Weinstein para “Emma”.
Antes das filmagens, ele a convidou a sua suíte de hotel para uma reunião de trabalho, que terminou quando Weinstein a tocou na atriz e sugeriu uma massagem, contou Paltrow ao jornal “The New York Times”.
“Eu era jovem, tinha assinado o contrato, fiquei petrificada”, ela disse. Depois de recusar, ela contou o fato ao seu então namorado, Brad Pitt, que confrontou Weinstein. O executivo a ameaçou e disse que não falasse daquilo a mais ninguém. “Achei que ele fosse me despedir”.
Angelina Jolie
A atriz disse que, no final dos anos 1990, Weinstein lhe fez propostas durante a filmagem de “Corações Apaixonados”.
“Tive uma má experiência com Weinstein em minha juventude e, como resultado optei por nunca mais trabalhar com ele, e sempre alerto outras atrizes quando elas o fazem”, disse Jolie em e-mail ao “New York Times”.
Asia Argento
Argento, atriz e cineasta italiana, disse à revista “The New Yorker” que aos 21, em 1997, ela foi a um hotel na França, convidada para uma festa da Miramax, mas encontrou Weinstein só em seu quarto. Ela disse que ele vestiu um roupão e apareceu pedindo uma massagem.
Ela relutantemente o massageou, e depois ele fez sexo oral nela, contra sua vontade. Argento contou que ele a havia “aterrorizado”. “Aquilo não terminava. Foi um pesadelo”. Ao longo dos anos, Argento se submeteu aos avanços de Weinstein, sentindo-se “obrigada” a fazê-lo e teve relações consensuais com ele, dizendo saber que isso seria usado contra a credibilidade de suas afirmações.
Ashley Judd
Durante a filmagem de “Beijos que Matam”, em 1997, a atriz foi a um hotel de Beverly Hills para um café da manhã com Weinstein, mas ao chegar descobriu que a reunião seria na suíte dele.
Weinstein pediu uma massagem e a convidou para vê-lo tomar banho, disse Judd ao “New York Times”.
“Eu disse não, muitas vezes, mas ele continuava a insistir”, disse Judd. Ela disse ter ficado “em pânico, encurralada”.
Rosanna Arquette
Arquette disse à revista “The New Yorker” que, no começo dos anos 1990, ela foi ao Beverly Hills Hotel para jantar com Weinstein e buscar um roteiro. Ele abriu a porta do quarto de roupão, agarrou a mão dela e a colocou em seu pescoço.
Quando ela removeu a mão, o executivo a agarrou de novo e colocou em seu pênis exposto. “Isso nunca vai acontecer”, ela recorda ter dito ao magnata do cinema, que ameaçou destruir sua carreira, contou Arquette ao “New York Times”.
Ela disse à “New Yorker” que sua carreira foi de fato prejudicada. “Ele tornou as coisas muito difíceis para mim durante anos”.
Mira Sorvino
Sorvino ganhou um Oscar por seu papel em “Poderosa Afrodite”, distribuído pela Miramax.
Ela disse à “New Yorker” que em 1995 estava em Toronto, promovendo o filme, e terminou no quarto de Weinstein. “Ele começou a massagear meus ombros, me deixou muito desconfortável, e depois tentou algo mais, me perseguindo pelo quarto”, ela disse.
Semanas mais tarde, ele ligou para Sorvino de noite, dizendo ter ideias de marketing, e foi ao apartamento dela. Com medo, ela chamou um amigo. Weinstein chegou antes, mas ela disse que seu namorado estava vindo. Desanimado, Weinstein foi embora.