SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após mais uma ofensiva militar do Iraque sobre a região controlada pelo Governo Regional do Curdistão (GRC), forças iraquianas tomaram a cidade de Altun Kupri, localizada próxima à fronteira que separa a região autônoma curda do resto do território iraquiano nesta sexta-feira (20).
Por volta de meio dia (8h de Brasília), o ministro de defesa do Iraque declarou que a polícia federal, forças antiterrorismo e as Forças de Mobilização Populares (FMP), milícias apoiadas e financiadas por Bagdá, haviam tomado o controle da cidade após vencer um confronto com os soldados curdos, conhecidos como peshmerga.
Milícias apoiadas pelo Irã, que se opõe à causa separatista curda, também lutaram contra os curdos.
O alto comando dos peshmerga contestou a declaração, afirmando que seus soldados repeliram o avanço e destruíram dez veículos e um tanque das forças iraquianas.
Ercuman Turkmen, um comandante das FMP, afirmou que não recebeu ordens de Bagdá de entrar na região autônoma curda.
Não há registro de mortos, mas ambulâncias foram vistas no entorno da cidade.
Trata-se do último avanço militar do governo central do Iraque contra os curdos, que realizaram um plebiscito de independência no fim de setembro deste ano.
Em resposta ao pleito, Bagdá lançou a noite de domingo (15) uma campanha militar que chamou de “Operação Impor Segurança a Kirkuk”.
Na manhã de segunda-feira (17), após confrontos, os peshmerga deixaram a cidade de Kirkuk, capital da província de mesmo nome, e os poços de petróleo próximos, que foram tomados pelas FMP. Porém, decidiram permanecer em Altun Kupri como gesto simbólico de resistência ao exército iraquiano, que é consideravelmente mais poderoso.
“As forças curdas peshmerga resistiram heroicamente neste confronto e tiveram uma grande honra”, disse o alto comando curdo em um comunicado.
Altun Kupri é a última cidade na estrada que atravessa a fronteira entre a região autônoma curda e o resto do território iraquiano e fica a 40 km ao sul de Irbil, capital da região autônoma curda.
SEPARATISMO
As tensões entre o Governo Regional do Curdistão (GRC) e o governo iraquiano escalaram desde a realização do plebiscito de independência no fim de setembro.
Considerado ilegal por Bagdá, o pleito teve como resultado mais de 93% dos votos para o “sim”.
A província de Kirkuk não integra a região autônoma curda, mas grande parte dela estava sob o domínio do governo curdo desde o meio de 2014, quando combatentes do Estado Islâmico perderam batalhas na região e foram expulsos pelos peshmerga.
A região do norte do Iraque, conhecida como Curdistão, conquistou autonomia em 1991, com o incentivo dos americanos.
Mas os curdos passaram a pleitear independência total de Bagdá e enfrentam oposição não só do governo iraquiano mas também de outros países, como Turquia e Irã, onde há minorias curdas e temor de ondas separatistas.
Tanto os peshmerga quanto as Forças de Mobilização Populares iraquianas recebem apoio em forma de treinamento e armamento dos Estados Unidos, seu principal aliado na luta contra o EI.