CRIS VERONEZ
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Elizângela é versátil, como todo ator deseja ser: já foi do humor ao drama e fez todo tipo de novela. 
Seu mais recente trabalho na televisão foi em “A Força do Querer”, novela da Globo que terminou nesta sexta (23).
No folhetim de Gloria Perez, ela deu vida à costureira Aurora, que viveu o sofrimento de ver a filha, Bibi, papel de Juliana Paes, enveredar para o mundo do crime.
Aos 62 anos de idade e 52 de carreira, a veterana critica a passionalidade de Bibi durante a trama e afirma que as pancadas vão deixando as pessoas mais atentas.
“Para alguma coisa a idade tem que servir [risos]. O seu olhar vai mudando conforme as coisas acontecem. As coisas mudam e você vai crescendo, mudando seu posicionamento.”
Leia entrevista com a atriz. 
F5: Você acha que existe um príncipe encantado assim como a Bibi acreditou que o Rubinho (Emílio Dantas) fosse?
Elizângela: Claro que na vida real não existe ninguém perfeito. Não desse jeito. Isso é conto da carochinha. Ela teve um casinho com um cara que foi presidiário, por exemplo, mas ela é muito firme com as coisas que ela quer, vive o que quer viver, não dá satisfação pra ninguém. Ela é uma pessoa feliz com a vida dela.
Houve alguma situação na sua vida em que você tenha confiado no seu sexto sentido e depois viu que realmente ele estava certo?
Elizângela: Já. Tive um relacionamento em que eu desconfiava da pessoa. Eu tinha aquele sexto sentido que dizia que não ia dar certo. Mas estava todo mundo encantado com a pessoa, e diziam que eu não estava me permitindo ser feliz. Me ferrei. Eu não queria [manter o relacionamento] e fizeram minha cabeça para eu querer. Fui pela cabeça dos outros e dancei feio, muito feio. Foi uma grande decepção. A gente aprende, né. Aquela anteninha do sexto sentido, que de vez em quando dá um alerta, deve ser levada em conta para tudo na vida.
F5: Com a maturidade, você passou a enxergar as coisas melhor?
Elizângela: Eu acho que as pancadas vão deixando a gente mais atento. Para alguma coisa a idade tem que servir (risos). O seu olhar vai mudando conforme as coisas acontecem. As coisas mudam e você vai crescendo, mudando seu posicionamento.
F5: Você tem uma filha. Em algum momento, você já conseguiu imaginar que o mesmo que ocorreu com a Bibi, de enveredar para o mundo do crime, pudesse acontecer com sua filha?
Elizângela: Não consigo nem imaginar. Acho que eu enlouqueceria. Choraria dia e noite. Filho é um projeto de vida, né? Você cria para o mundo e não para você, Mas você busca criar um ser humano de qualidade, que vá servir à sociedade, ao outro, com o seu potencial humano e profissional da melhor maneira. Ver um filho enveredar para um caminho torto, podendo ter uma vida linda, acho que acaba com qualquer mãe. A Aurora certamente nunca vai sair do lado da filha, mas é uma pancada, né?
F5: De onde será que veio essa cabeça nas nuvens da Bibi, sendo que a Aurora é tão pé no chão?
Elizângela: Sei lá minha filha. Acho que é perturbação! Ela não puxou à Aurora.
F5: Você gosta de gafieira e samba, como a Aurora gostava?
Elizângela: Teve uma época em que eu saía muito. Foi nos anos 80, na fase em que eu tinha me separado do pai da minha filha. Era uma beleza. Foi ótimo. Vivenciei o que tinha que vivenciar, namorei muito. Hoje vou te dizer que eu tenho uma preguiça Primeiro que não gosto de lugar com muito barulho, porque gosto de conversar. Adoro bater um papo! Prefiro estar na casa de amigos ou recebê-los na minha.
F5: Hoje você é realizada como atriz atualmente ou pretende experimentar coisas novas? São mais de 50 anos de carreira, né?
Elizângela: Eu me sinto muito confortável com o trabalho de atriz. Não tenho grandes desejos de fazer coisas diferentes além disso. Pode ser que em algum momento eu busque algum outro viés dentro dessa área. Até tenho uma vontadezinha. Já produzi, tenho produtora, mas não sei se faria muito mais do que isso. Talvez dirigir teatro em algum momento
Você já foi do humor ao drama, fez todo tipo de novela…
Não vou dizer que sou rodada, que pega mal (risos).
F5: “Por Amor” (1997-1998) e “Senhora do Destino” (2004-2005) estão sendo reprisadas. Você se assiste?
Elizângela: Poxa vida, queria ganhar por isso [estar no ar em três novelas simultaneamente]. Depois de muito tempo, gosto
de me ver. Mas sou muito crítica. Não costumo ser muito boazinha comigo. Assisto à novela na boa, consigo deixar a coisa técnica de lado, mas é só chegar nas minhas cenas que não consigo fazer isso. Tenho DVDs com todas as cenas que eu faço, de todos os trabalhos, mas nunca peguei nenhum para ver.
F5: Você tem carinho especial por algum trabalho?
Elizângela: Vários. “Bandeira 2” (1971), “Locomotivas” (1977), “Pedra sobre Pedra” (1992), “Cobras & Lagartos” (2006), que era uma farra, “Senhora do Destino” (2004), “A Favorita” (2008). Novelas que não fiz na Globo também, como “As Pupilas do Senhor Reitor”, do SBT (1994).