RAFAEL GREGORIO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Morreu na tarde deste sábado (21), aos 74 anos, em Itamaracá, no Grande Recife, o poeta pernambucano Marcus Accioly.
O escritor foi um importante nome da chamada poesia regional contemporânea e publicou cerca de 15 livros, entre compilados de poemas, livros infantis e cordéis.
A informação foi confirmada pela Academia Pernambucana de Letras (APL) em publicação na página da entidade em uma rede social, mas não foi divulgada causa da morte.
De acordo com a APL, o velório do autor, que ocupava a cadeira 19 da instituição, está previsto para ocorrer no domingo (22), na Prefeitura de Aliança.
POETA ‘NORDESTINADO’
Natural de Aliança, na Mata Norte de Pernambuco, Accioly era um dos maiores nomes da literatura no Estado e no Nordeste.
Nascido em 21 de janeiro de 1943, graduou-se em direito e, em 1968, publicou seu primeiro livro, “Cancioneiro”.
Na juventude, o escritor integrou a chamada “geração de Jaboatão”, ou “Geração 65”, iniciativa estilística ligada à literatura e abrangendo outros nomes, como Lucila Nogueira (1950-2016).
Accioly também foi ligado ao Movimento Armorial, cujo mote principal era a produção de uma literatura que abrangesse os valores universais sem perder de vista as raízes regionais pernambucanas.
Ao longo da carreira, recebeu diversas láureas literárias. Entre elas, o Prêmio Recife de Humanidades, em 1972, pela segunda obra, “Nordestinados” (1971), e o Prêmio Fernando Chinaglia, em 1980, concedido pela União Brasileira de Escritores pelo livro “Guriatã”.
Ele também foi agraciado com o prêmio de poesia concedido pela Associação Paulista dos Críticos de Artes e o Prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras, por “Narciso”, livro de poemas publicado em 1984.
A preocupação do poeta com a conexão entre universal e raízes lhe rendeu o apelido de “poeta nordestinado”, em alusão ao título de seu segundo livro.
RECONHECIMENTO E POLÍTICA
Membro da Academia Pernambucana de Letras desde 2000, o escritor ocupou a cadeira 19, deixada João Cabral de Melo Neto (1920-1999).
Ele chegou a ser cogitado para suceder o poeta Lêdo Ivo (1924-2012) na cadeira nº 10 da Academia Brasileira de Letras, em 2013, que acabou sendo atribuída à escritora e militante feminista Rosiska Darcy de Oliveira.
Durante o mandato de Itamar Franco, Accioly foi secretário-executivo do Ministério da Cultura sob a chefia do ministro Antônio Houaiss, tendo, em ocasiões de ausência do ministro, assumido várias vezes o cargo.