SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O jornalista Oliveiros S. Ferreira morreu neste sábado (21), em Campinas, aos 88 anos, de causas naturais. Ele foi redator-chefe do jornal “O Estado de S. Paulo” e professor da USP.
Oliveiros nasceu em 1929 em São José do Rio Pardo, no interior de São Paulo. Iniciou sua carreira em 1951, como correspondente freelancer em Marília do “Estado”. Em 1952, mudou-se para a capital a convite do professor Lourival Gomes Machado para trabalhar como seu assistente e se tornou repórter efetivo do jornal, onde trabalhou até sua aposentadoria, em 1999.
O jornalista foi redator-chefe da publicação, cargo abaixo apenas da direção, exercida à época por Julio de Mesquita Neto, durante o período militar no Brasil. Fazia o papel de interlocutor entre os diretores do “Estado” e do “Jornal da Tarde” e os executores de repressão.
Ele era simpatizante da Vanguarda Socialistas e se filiou à Esquerda Democrática, que posteriormente se tornaria o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Por causa das suas posições políticas, era considerado um jornalista suspeito pelos agentes da ditadura.
Após a morte de Julio de Mesquita Neto, em junho de 1996, Oliveiros assumiu a direção do “Estado” por dois meses. Foi sucedido pelo irmão de Julio, Ruy Mesquita.
Oliveiros também se destacou no meio acadêmico. Formou-se em 1950 em Ciências Sociais pela USP, onde também fez doutorado e lecionou. Defendeu sua tese, “Nossa América, Indoamérica -a Ordem e a Revolução no pensamento de Haya de la Torre”, sobre o político peruano, em 1966. Em 1995, no centenário de morte de Haya, foi condecorado pelo município peruano de Trujillo, onde Haya de la Torre nasceu, por sua obra.
Publicou 14 livros na área de ciências sociais a partir de seus estudos. O último deles, “Elos partidos: uma nova visão do poder militar no Brasil” foi lançado em 2007 e analisa o governo de Castelo Branco. Guerra Fria e a história da América Latina eram temas de aulas e artigos publicados pelo “Estado”.
Além da USP, foi consultor e deu aula na Escola Superior de Guerra, na Escola de Guerra Naval e na PUC-SP.
O jornalista será sepultado às 12h deste domingo (22) no Cemitério São Paulo (Rua Cardeal Arcoverde, 1250). Não haverá velório.