SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Eleitores das prósperas regiões da Lombardia e Vêneto, no norte da Itália, votam neste domingo (22) em um referendo para pedir maior autonomia ao governo central, em Roma. A consulta ocorre em meio à crise da Espanha, que enfrenta plebiscito pedindo a independência da Catalunha.
Embora o referendo italiano não seja vinculativo -o resultado não implica em mudança obrigatória-, ele pode dar aos presidentes das regiões vantagem nas negociações com o governo.
Os presidentes regionais da Lombardia, Roberto Maroni, e de Vêneto, Luca Zaia, negociam maior autonomia fiscal e na elaboração de políticas relacionadas à segurança, imigração, educação e meio ambiente. Ambos pertencem à Liga do Norte, partido de extrema-direita liderado por Matteo Salvini.
Diferentemente do que ocorre na Catalunha, o referendo italiano não busca independência e foi aprovado pela suprema corte do país. Ainda assim, ele é encarado por especialistas como uma ameaça à autoridade do governo central.
Juntas, a Lombardia e Vêneto produzem 30% do PIB italiano e possuem quase 25% do eleitorado do país. A votação deste domingo é vista como um termômetro para a campanha nacional de 2018.
Nas 12h primeiras horas da votação, o comparecimento foi suficiente para validar o pleito. Em Vêneto, 52% dos 4 milhões de eleitores foram às urnas. Em Lombardia, a taxa foi menor, de 30%.
Maroni afirmou que espera exceder o comparecimento de 34% do último referendo realizado na região em 2001, que pedia mudanças constitucionais. O Partido Democrata fez campanha pela abstenção.
Segundo Salvini, líder do partido, as negociações por mais autonomia acontecerão independentemente dos resultados das urnas. Críticos do referendo alegam que ele não possui peso legal, não é necessário para o pedido de autonomia e exige muitos recursos públicos.
Algumas mudanças almejadas pelo partido ainda são vistas como de difícil concretização devido a questões legais. A política nacional orçamentária, assim como questões relacionadas à imigração e segurança estão previstas na constituição italiana, que precisaria ser alterada para a concessão de mais autonomia.
A constituição italiana prevê hoje diferentes níveis de autonomia para cinco regiões que possuem status especial: Trentino-Alto Adige, de língua alemã, Aosta, onde predomina o Francês, para as ilhas de Sardenha e Sicília e para a região de Friul-Veneza Júlia, que ganhou o status por sua localização próxima à fronteira da antiga Iugoslávia durante a Guerra Fria.