SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Historiadores consultados para o “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil”, do History Channel, manifestaram críticas ao programa, que estreou neste sábado (21) e é apresentado pelo youtuber Felipe Castanhari.
A abordagem da atração desagradou alguns dos entrevistados, como o biógrafo de Getulio Vargas e colunista da Folha de S.Paulo Lira Neto e o escritor de “1808”, Laurentino Gomes, que alegou “falta de transparência” da produção do programa.
Em sua página no Facebook, Lira Neto afirmou que se sentiu “ludribriado”. “Sinto-me violentado em fazer parte de qualquer produção que recorra à superficialidade e ao polemismo fácil.”
“Ninguém me informou antes, durante ou logo após a entrevista qual era a inspiração do programa. Cometi um erro. Assinei uma autorização de direito de imagem, sem ler, como de praxe, confiando na boa fé do entrevistador.”
O programa, segundo a apresentação de Castanhari, contará com “historiadores para debaterem ideias e conversarem sobre vários momentos polêmicos da história do Brasil”.
“Mas”, afirmou Castanhari no episódio inicial, “fiquem tranquilos, pois ouvimos todos os lados, e, claro que opiniões diferentes às vezes causam tretas, né?”.
Laurentino Gomes afirmou no Twitter que “faltou transparência” por parte da produção do programa.
Mais tarde, o escritor disse que o canal entrou em contato com ele e pediu desculpas. “Prontamente aceitas”, escreveu.
Entre os entrevistados do programa estão Nelson Motta e Milton Neves.
Em entrevista ao jornal “O Globo”, Lilia Schwarcz afirmou que o canal retirou a sua participação do programa. “Eu liguei, conversei com eles e disse que com esse título não seria possível participar. Não é uma abordagem que nos representa. Eu gostei muito da equipe de produção, mas não me disseram qual era o programa. É uma abordagem sensacionalista.”
Baseado no livro de Leandro Narloch, também colunista da Folha de S.Paulo, o programa estreou com o episódio “Brasil com Z”, que discute o que havia no Brasil antes de 1500.
Procurada pela reportagem, a assessoria do History Channel afirma que “a série inclui opiniões diferentes, algumas que contrariam as afirmações do livro”.
“Cortar alguns dos entrevistados certamente empobreceria o debate e o equilíbrio que o canal busca com a série”, disse o canal.
A nota completa que “Todos os entrevistados assinaram a autorização de uso de imagem”, mas ressalva que “Ainda assim, o History está esclarecendo a situação com a produtora Studio Fly e se manifestará oportunamente”.