CLEOMAR ALMEIDA GOIÂNIA, GO (FOLHAPRESS) – A Polícia Militar de Goiás instaurou, nesta segunda-feira (23), um inquérito para apurar como o adolescente de 14 anos que abriu fogo contra colegas de sala teve acesso a uma pistola.40, que é da corporação e estava sob a responsabilidade da mãe dele, uma sargento da PM com mais de 20 anos de atuação na corporação. A informação foi repassada à reportagem pelo assessor de comunicação da PM, o tenente-coronel Marcelo Granja.

A arma foi usada para matar dois alunos e ferir outros quatro na escola particular Goyases, no setor Riviera, na região leste da capital, na última sexta-feira (20). A mãe do autor dos disparos, que responde ao inquérito, está internada em uma clínica particular da cidade, desde que soube do envolvimento do filho no caso.

O delegado Luiz Gonzaga Júnior, titular da Depai (Delegacia de Apuração de Atos Infracionais) de Goiânia e responsável pelo caso, disse que “o bullying foi o estopim”. “Tem todo um contexto maior, mas a psicóloga vai poder dizer”, afirmou. “Esse contexto maior é mais questão de psicologia, não de investigação. Ninguém mata ninguém porque alguém chamou um alguém de alguma coisa”, disse o delegado.

Ele se referiu ao fato de o autor afirmar, em depoimento, que era chamado de “fedorento”. O atirador, que recebeu ordem da Justiça para ficar internado por ao menos 45 dias, e o irmão mais novo dele, cuja idade não foi divulgada, não voltarão a estudar mais na escola, segundo a advogada da família, Rosângela Magalhães. Ela contou que mãe deles está internada “em estado de choque”.

O pai do adolescente autor dos disparos, um major com mais de 25 anos na PM, visitou o filho no sábado (21) e no domingo (22). O oficial contou à advogada que o jovem “está muito mal, principalmente porque um dos amigos dele [João Vitor Gomes, 13] está entre as vítimas que morreram.” O outro morto é João Pedro Calembo, 13. Em novo depoimento à polícia, na manhã desta segunda-feira, ele disse que nunca ensinou o filho a atirar e que o garoto nunca comentou sobre o bullying em casa.

Enquanto a mãe está internada em uma clínica particular, o pai corre de um lado para o outro para disponibilizar suporte ao filho mais velho e conversar com a advogada. Ele não concedeu entrevista à imprensa. O autor dos disparos está recebendo atendimento psicológico na delegacia e o irmão dele está ficando com uma avó. A advogada da família repetiu que, primeiramente, se preocupa com a integridade física do adolescente, já que, conforme observou ela, o caso teve repercussão internacional e os pais dele são militares.

A decisão da Justiça ordenou que ele seja encaminhado a um centro de internação da cidade, mas a defesa quer que ele permaneça na delegacia em sala separada. Na manhã desta segunda-feira, pais e alunos voltaram à escola para pegar os materiais que ficaram para trás no momento em que correram do atentado. Saíram todos bastante emocionados. Ainda não há data prevista para o retorno às aulas na unidade de ensino.