Muitos nem percebem, mas Curitiba abriga 223 favelas ou áreas de invasão, nas quais residem 162.679 pessoas divididas em 46.806 moradias. Invisíveis aos olhos de grande parte da sociedade, essas comunidades contam desde 2014 com um importante apoio da organização TETO, que atua em comunidades precárias da América Latina promovendo ações sociais e construindo moradias dignas.
Na Capital, são feitas quatro construções de casas por ano a partir de painéis pré-fabricados e construídas por meio de mutirões que reúnem moradores e voluntários. Além disso, há ações constantes junto às comunidades, sendo que atualmente a organização conta com equipes fixas nas comunidades do Caximba, Parolin, Jardim Independência, Portelinha e Vila Nova. No próximo domingo, por exemplo, as comunidades irão apresentar projetos comunitários para financiamento do FunTETO. Aqeuele que tiver maior impacto social terá financiado em até 60% pela TETO. No ano passado, o vencedor foi uma iniciativa da Caximba, que construiu uma cisterna para fornecimento de água, que atualmente é utilizada por grande parte da comunidade.
Para manter as atividades e construir sonhos, os próprios voluntários, em geral jovens universitários, mobilizam-se para fazer arrecadação por meio de eventos, doações e parcerias com empresas.
Para o final de ano, estão promovendo por meio da plataforma Juntos.com.vc a campanha Um TETO de Natal, que aceita doações a partir de R$ 5. Para conferir, basta acessar o link na área de serviço.
A construção da casa, contudo, é apenas o meio do caminho, afirma Leonardo Martins, monitor de construções da ONG.Fazemos várias enquetes nas comunidades e construímos um ranking para ver quais famílias receberão nosso apoio. Com o ranking feito, procuramos a família para ver se eles tem interesse em trabalhar com a gente e explicamos mais detalhadamente o projeto, explica.
Se os convidados toparem, assinam um contrato se comprometendo a ficar dois anos sem vender ou alugar o espaço construído. Além disso, devem fazer o pagamento de um valor de R$ 200. Parece pouco, mas para muita gente é uma soma importante, é difícil pagar, tanto que parcelam em quatro, cinco vezes. É uma obrigação deles, at é para dar um valor que eles pagaram ela (a casa) e não que só receberam. Além disso, é fundamental que o morador construa a casa com a gente, comenta Leonardo.
Cada construção, ainda segundo Leonardo, leva de três a quatro meses. Mas é apenas parte dot rabalho desenvolvido pela ONG, cujo intuito principal é ajudar a comunidade a ter autonomia e organização, de forma a fazer com que essas pessoas acreditem em seu próprio potencial e tenham fôlego para batalhar por condições mais justas e igualitárias. Eles pedem (o que precisam) e nós damos o suporte. É isso que buscamos quando entramos numa comunidade, ajudar eles a resolverem seus próprios problemas.

Mapeamento vai definir próxima beneficiada
Atualmente presente em cinco comunidades de Curitiba, a TETO realizará nas próximas semanas um mutirão de visitas a várias outras comunidades da cidade aplicando uma série de enquetes. A ideia é fazer uma espécie de mapeamento da cidade, de forma a verificar qual será a comunidade que receberá no próximo ano o apoio da organização.
Iremos juntar vários voluntários e saíremos pelas comunidades de Curitiba, algumas indicadas e outras que já conhecemos. Aí faremos o mapeamento do perfil de cada comunidade para verificar em quais conseguiriamos ou não ter um trabalho mais efeitvo. A partir disso, decidiremos em qual comunidade desenvolver um novo trabalho a partir do próximo ano, explica Leonardo Martins.

‘Achei que ia transformar, mas eu que me transformei’
Para os voluntários que atuam junto à TETO, participar das atividades na comunidade acaba se tornando uma verdadeira transformação de vida, uma vez que a realidade que eles, em sua maioria jovens universitários, irão conhecer, não costuma aparecer nos jornais, na televisão ou no cinema. É a realidade daqueles que estão abaixo da linha de pobreza, vivendo com até R$ 154 per capita por mês.
Quando vamos para as primeiras construções, achamos que estamos indo ajudar pessoas, construir casas para elas. Eu, por exemplo, fui achando isso. Mas no final quem acabou transformado não foi a casa das pessoas, mas eu mesmo, afirma Leonardo Martins. Começamos a abrir os olhos, ver o quão egoístas somos em situações simples, complementa.

SERVIÇO
Organização TETO Brasil-Paraná
Site: http://www.techo.org/paises/brasil/
Contato: [email protected]
O que faz: Há 10 anos no Brasil, o TETO é uma organização internacional presente na América Latina e Caribe, que trabalha pela defesa dos direitos de pessoas que vivem nas favelas mais precárias e invisíveis, diminuindo sua vulnerabilidade por meio do engajamento comunitário e da mobilização de jovens voluntários.
Projeto em andamento: Para dezembro, o TETO quer ajudar mais famílias a construirem uma moradia e iniciar o novo ano com o coração mais leve. Para tanto, equipes de construção estão tentando arrecadar R$ 7 mil por meio de uma campanha coletiva no site http://juntos.com.vc/pt/umtetodenatal, com doações a partir de R$ 5
Voluntários: São dois tipos de voluntariado: o fixo, que são voluntários que atuam semanalmente para garantir a operação, e o pontual, que atua pontualmente em grandes atividades de construção nos finais de semana. Quem quiser ajudar pode acompanhar a TETO no Facebook e no Twitter para saber quando acontecerá o próximo ciclo de voluntariado, que acontece duas vezes por ano
Doações : Quem acredita no potencial do trabalho da TETO pode fazer doações mensais a partir de R$ 35 tornando-se um Amigo(a) do TETO. Além disso, também é possível fazer doações únicas. Para mais informações, acesse o link http://www.techo.org/paises/brasil/faca-sua-doacao/
Parcerias: No caso de empresas e pessoas que queiram se tornar parceiras da organização, o e-mail para contato é [email protected]