SYLVIA COLOMBO
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – O governo de Mauricio Macri teve sua primeira derrota, nesta quinta-feira (9), na tentativa de realizar uma reforma tributária no país. O presidente não resistiu às pressões das províncias produtoras de vinho, encabeçadas pelo governador de Mendoza, Alfredo Cornejo, e teve de tirar do projeto a ser enviado ao Congresso a proposta de aumentar em 10% o imposto pago pela comercialização desse produto.
“Ficamos em 0% de aumento”, comemorou Cornejo, ao deixar a reunião.
O Ministério da Fazenda confirmou que a queda do imposto também valia para os espumantes, enquanto o aumento ao uísque ainda estava em estudo.
Macri se reuniu nesta quinta-feira (9) com os governadores das 23 províncias que compõem o país, e com a chefatura da cidade de Buenos Aires, que tem status de província.
Além dos que estavam incomodados com os aumentos dos tributos para as bebidas alcoólicas, também compareceram os que produzem aparelhos eletrônicos e que terão impostos diminuídos. Estes, por sua vez, reclamam que essa redução afetará a competitividade da região e impediria a produção, pois faltariam recursos para manter as fábricas e seus funcionários —a maioria delas se encontra na Terra do Fogo, onde o custo do emprego formal é maior, em razão das condições climáticas adversas do local.
Na província de Buenos Aires, apesar de ser governada por uma forte aliada de Mauricio Macri, Maria Eugenia Vidal, há uma reivindicação de que uma fatia maior dos impostos fique na região —a província é responsável por cerca de 40% da arrecadação nacional, mas recebe de volta em forma de serviços de saúde, educação e subsídio à moradia apenas 19%. A governadora pediu a criação de um Fundo para o Conurbano, ainda em estudo.
Após a reunião, o ministro do Interior, Rogelio Frigerio, afirmou que as reclamações foram ouvidas e registradas e que em uma semana se apresente uma análise do impacto da reforma como um todo nas economias regionais.
Na próxima quinta-feira (16), haverá uma outra reunião com os governadores. A partir daí, será feita nova redação do projeto de reforma tributária para que seja enviado ao Congresso.