TALITA FERNANDES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Primeiro ministro tucano a se manifestar publicamente sobre o tema, Aloysio Nunes (Relações Exteriores) classificou a decisão de Aécio Neves (MG) de destituir o senador Tasso Jereissati (CE) da presidência do PSDB de “legítima estatutariamente e correta do ponto de vista político”.
A declaração foi publicada em uma conta sua de rede social. Nunes elogiou ainda a escolha do ex-governador de São Paulo Alberto Goldman para presidir interinamente a presidência do partido, no lugar de Tasso, até 9 de dezembro, quando acontecerá a convenção nacional.
“Goldman é um dos melhores políticos do nosso país e saberá conduzir o partido nessas semanas que nos separam da convenção nacional com equanimidade e prudência, assegurando igualdade de condições na disputa pela presidência efetiva”, escreveu.
Sob a argumentação de que a mudança no comando da legenda trará “isonomia” ao processo de escolha da nova presidência do PSDB, Aécio reassumiu o comando do partido nesta quinta-feira (9) para tirar Tasso e substitui-lo por Goldman.
O ato ocorre um dia depois de o senador cearense oficializar que disputará o cargo com o governador de Goiás, Marconi Perillo.
Tasso se disse surpreendido pelo gesto de seu colega e acusou Aécio de agir sem pensar no coletivo. Já o senador mineiro falou que a decisão era “legítima” e “necessária”.
Nunes foi na mesma linha. “Aécio está tão respaldado pelo estatuto partidário para designar Goldman para a presidência interina do partido quanto estava quando apontou Tasso para essa mesma função”, publicou.
Aécio está licenciado da presidência do PSDB desde maio, quando veio a público uma gravação em que ele pede R$ 2 milhões ao empresário e delator Joesley Batista. Ele é alvo de denúncia por corrupção passiva e obstrução da Justiça, acusações que nega.
Logo após seu afastamento, o mineiro indicou Tasso para seu lugar, mas as críticas do seu substituto ao governo Michel Temer acabaram por azedar a relação dos dois.
Tasso criou sua candidatura com base no discurso de que o PSDB precisa passar por uma “refundação” admitindo os erros.
Já Perillo, que conta com o apoio de Aécio, adota uma linha mais branda. Embora também fale que se aproxima o momento de o PSDB deixar o governo, não adota discurso crítico sobre os atos do partido e de seus integrantes, evitando atingir o senador mineiro diretamente.
A decisão de Aécio, tomada na tarde desta quinta gerou reações nas duas alas do PSDB. Enquanto seus apoiadores elogiaram o gesto, os defensores de Tasso se disseram surpreendidos e dizem que o tucano tem agido para agradar Temer.
O PSDB possui atualmente quatro pastas na Esplanada. Além de Nunes, ocupam ministérios Bruno Araújo (Cidades), Luislinda Valois (Direitos Humanos) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo).
A retirada de Tasso se deu com a pressão dos ministros a Aécio.