SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O chefe da União Europeia nas negociações para a saída do Reino Unido do bloco -o chamado “brexit”- disse que a última rodada de conversas, que terminou nesta sexta (10), não trouxe avanços.
A demora dos dois lados em acertar os detalhes da separação, que deve ocorrer até março de 2019, é mais uma notícia ruim para a primeira-ministra Theresa May, que enfrenta uma série de dificuldades internas.
Michel Barnier, representante europeu, disse que os dois dias serviram para “aprofundar” o debate sobre alguns temas, como a questão da fronteira com a Irlanda e o valor que Londres terá que pagar para Bruxelas, mas que nada ficou decidido.
O principal avanço se deu no debate sobre como ficarão os direitos dos europeus que moram no Reino Unido e os dos britânicos que vivem na Europa, mas mesmo neste ponto não houve decisões.
De acordo com Barnier, se as negociações sobre esses tópicos não avançarem nas próximas duas semanas, a rodada de tratativas de dezembro não poderá girar em torno de assuntos mais complexos, em especial a relação comercial entre o Reino Unido e a União Europeia.
As declarações dele ocorreram logo depois de o idealizador do Artigo 50 -o mecanismo legal que permite a saída da União Europeia- declarar que os dois lados podem cancelar a separação a qualquer momento.
“Enquanto as negociações de divórcio acontecem, os dois lados permanecem casados e podemos mudar de ideia a qualquer momento”, afirmou John Kerr.
Para ele, o governo britânico tem enganado os eleitores ao dizer que o processo não pode ser interrompido.
May já afirmou que não aceitará “tentativas para bloquear os desejos democráticos do povo britânico dificultando ou paralisando nossa saída da União Europeia”.
O “brexit” foi apoiado por 52% dos britânicos em um plebiscito em junho de 2016. Pesquisa divulgada na terça (7) indicou que 66% desaprovam a maneira como Londres tem lidado com as negociações da separação da UE.