Faltando pouco mais de dez meses para as eleições de 2018, o cenário para a disputa pelo governo do Estado começa a se definir. Pelo menos cinco pré-candidatos à sucessão do governador Beto Richa (PSDB) já estão colocados, mas outros devem surgir até julho do ano que vem, quando termina o prazo para as convenções partidárias. E com a crise política que mina a credibilidade das siglas mais tradicionais, a tendência é de que haja uma pulverização de candidaturas, com novatos e estreantes tentando a sorte para capitalizar o desejo de renovação do eleitorado.
O deputado estadual Ratinho Júnior (PSD) saiu na frente na corrida pelo comando do Palácio Iguaçu. Após deixar em setembro a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano (Sedu), que ocupou por quase quatro anos, ele passou a percorrer o Estado em eventos reunindo prefeitos e vereadores e já vem esboçando o discurso que deve exibir na campanha. Em recentes inserções de televisão na propaganda partidária, diz defender um estado forte, inovador, aliado ao setor produtivo, celeiro e produtor de alimentos para o mundo e sem brigas políticas. Chegou a hora de acabar com velhas brigas daqueles que nada fizeram pelo Brasil e pelo Paraná, diz o pré-candidato. Chega de eles e nós, chega de esquerdas ou direitas. Vamos olhar para frente e unidos avançar por um Paraná inovador que gere riquezas para todos. Com gente honesta e mente moderna, levaremos o Paraná a um novo patamar, afirma ele.
Ratinho Jr leva a vantagem de ser um nome conhecido e ter uma base forte, com dois partidos – além do PSD, controla também sua antiga sigla, o PSC – que juntos forma um bloco com 14 deputados estaduais, a maior bancada na Assembleia Legislativa. Seus adversários pretendem, porém, explorar sua participação no governo Beto Richa, que sofreu grande desgaste após medidas de ajuste fiscal que resultaram em conflito com os servidores públicos estaduais.
Derrotado em 2006 e 2010, o ex-senador Osmar Dias (PDT) prepara-se para tentar o governo pela terceira vez, apoiado em uma imagem de experiência administrativa. Ele também tem percorrido o Estado, e mantido conversas constantes com lideranças, na tentativa de montar uma aliança que sustente sua candidatura.
Falta a Osmar definir seu destino partidário. Ele tem convite do Podemos, nova sigla pela qual seu irmão e senador Alvaro Dias pretende disputar a presidência da República. E vem sendo assediado pelo PSB – partido ligado ao grupo do atual governador – que lhe ofereceu a vaga de candidato ao governo tendo Richa como um dos candidatos ao Senado. O ex-senador tem dito que só deve definir a questão em março, perto do fim do prazo para a filiação partidária de quem vai disputar a eleição do ano que vem.
Ameaça – Governador por três vezes, o senador Roberto Requião (PMDB) tem ensaiado uma nova candidatura ao Palácio Iguaçu, apoiado em um discurso de oposição a Richa. Nos bastidores, porém, a avaliação é de que ele tende a disputar a reeleição para o Senado, que seria mais segura. Além disso, Requião tem sobre si a ameaça de um processo de expulsão do PMDB por sua oposição ao governo Temer. E sofre o desgaste de ter votado contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff e de sua aliança histórica com o PT, partido rejeitado pela maioria do eleitorado do Estado.
A vice-governador Cida Borghetti (PP) conta com a saída de Richa do cargo em abril do ano que vem para disputar o Senado, e a perspectiva de assumir o governo por nove meses como principal trunfo para alavancar sua pré-candidatura. Ela disputa com Ratinho Jr o apoio do governador, que porém não definiu até agora se vai concorrer uma das vagas de senador ou concluir o mandato até o final.
Correndo por fora está o prefeito de Guarapuava, Cesar Silvestri Filho (PPS), que tenta se colocar como o representante da renovação na disputa, com um discurso de eficiência administrativa. Sua dificuldade será montar uma aliança competitiva, já que o PPS não teria sozinho a estrutura suficiente para sustentar uma candidatura ao governo com chances reais de vitória.