SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Participantes, palestrantes e funcionários do TED, sociedade que organiza uma das principais conferências de líderes globais, acusam a diretoria da organização de acobertar casos de abuso sexual.
Segundo o “Washington Post”, o dono da organização, Chris Anderson, e demais diretores receberam por e-mail reclamações de frequentadores do TEDGlobal, seu principal ciclo de palestras, de abril passado, em Vancouver.
Na troca de mensagens, a conselheira-geral, Nishat Ruiter, incluiu as reclamações das mulheres e disse que também tinha sido tocada “de forma inapropriada”.
Uma das vítimas foi a ex-executiva da Apple Nilofer Merchant, que deu palestra no TEDGlobal de 2013. Na edição canadense, disse que um homem roçou o pênis ereto na sua perna enquanto estavam sentados em um bar.
Para se livrar da situação, teve que acenar a um amigo. “Estava tentando aproveitar o TED, falar com as pessoas sobre ideias e não ter que me preocupar com um homem passando o pau em mim.”
Fundado em 1984, o TED organiza conferências com líderes políticos, executivos de grandes empresas e celebridades, que comentam sobre assuntos diversos. Após o evento, os vídeos são disponibilizados na internet.
As gravações das palestras de personalidades como o ex-vice-presidente americano Al Gore, a tenista Serena Williams e o fundador da Microsoft Bill Gates viraram populares na rede, atraindo mais de 3 bilhões de visualizações.
A entidade faz eventos locais, inclusive no Brasil. Para o TEDGlobal, porém, os participantes precisam de convite e os ingressos custam até US$ 10 mil (R$ 32,6 mil).
A organização disse que “trabalhou com especialistas para aperfeiçoar nosso código de conduta” e que, após investigação, dois homens acusados de assédio “foram imediatamente desconvidados” de suas conferências.
As denúncias de abuso sexual não se limitam aos eventos e atingem a própria cúpula. Jordan Reeves, ex-empregado júnior da organização, acusou o diretor de programação do TED, Tom Rielly, de fazer piadas sexuais a ele.
“Ele disse que a minha bunda parecia bonita. Ouvia reclamações de muita gente. Parecia tão sistêmico que eu me senti intimidado.”
Em 2014, a entidade fez um acordo com outra funcionária que havia acusado de assédio sexual seu chefe. Após denunciar o caso, ela perdeu funções até ser demitida.