Empolgados pelos tambores e pela música, os participantes da Festa do Rosário proporcionaram momentos de alegria e beleza neste domingo (19/11), no Centro Histórico da cidade. A cerimônia de lavação das escadarias aconteceu na Igreja de Nossa Senhora do Rosário de São Benedito e contou com a participação de representantes de diversas religiões como forma de manifestação contra intolerância religiosa. O evento é um dos mais importantes da programação do Mês da Consciência Negra.

O assessor da Prefeitura de Curitiba para Promoção da Igualdade Racial, Adegmar da Silva Candiero, explicou que a festa é um convite dos representantes da Umbanda e do Candomblé pela celebração da paz. Mais da metade dos templos que sofrem pela intolerância são os das religiões de matriz africana, segundo Candiero. Quando os negros foram trazidos para o Brasil, tentaram tirar nossa fé, mas não conseguiram. Da mesma forma agora, não vão calar nossas vozes e os nosso tambores, afirmou.

A primeira igreja do Rosário foi construída por escravos, em 1737, para que eles pudessem frequentá-la. Na época, era chama de Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Benedito. A festa curitibana se inspirou na lavagem das escadarias da Igreja do Bonfim, em Salvador, mas depois se tornou uma referência para as comemorações em outras cidades, explicou Candiero. A festa, disse Candiero, é uma das mais representativas manifestações em defesa da igualdade racial do sul do Brasil atualmente.

O representante da Sociedade Internacional para Consciência Hare Krishna, Mara Prabhu afirmou que a limpeza das escadarias é uma simbologia para limpeza da alma em relação aos preconceitos. Em essência somos todos iguais, disse. Já o diretor do Instituto Brasileiro de Estudos Islâmicos do Paraná, Gamal Oumari, enalteceu a importância da celebração da Consciência Negra, assim como a luta contra toda forma de preconceito. O islamismo também tem sido vítima da discriminação, lembrou.

O Secretário Financeiro Comunidade Nigeriana no Estado do Paraná, Abiola Sulaimon Yusuf, morador de Curitiba há três anos, disse que a festa é uma forma de manter as tradições africanas. Quando nossos irmão foram trazidos ao Brasil, parte da cultura foi perdida, mas fico feliz de ver que ela está viva, comentou sorridente.

Escadarias – Após a lavação das escadarias, a manifestação seguiu em cortejo com os Batuqueiros. O trajeto começou na Fonte da Memória (Praça Garibaldi) e seguiu até o marco do Pelourinho. O destino final foi o Memorial de Curitiba, onde o festival Vozes do Sagrado reuniu corais de música sacra de diversas tradições religiosas. Artistas se reuniram em uma série de oficinas, shows, saraus, rodas, contação de histórias, instalações e lançamentos de livros.

Estiveram representadas também a Igreja Católica através da Pastoral Afro, a religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, do Centro de Estudos Budistas Bodisatva, do Sufismo, da Ordem Rosa Cruz, da Comunidade Baha’i, da Igreja Messiânica, do Conselho Parlamentar pela Cultura de paz no Estado do Paraná, e da Secretaria Estadual de Educação.