Aos 23 anos, Eduardo Ghoulart está prestes a se formar na terceira turma de Mídias Sociais Digitais. “Cheguei a começar Design Gráfico em outra instituição, mas quando li sobre esse curso percebi que estava diante de algo novo. Ao ver quais eram as matérias da grade, notei que sintetizava várias profissões, o que me atraiu. Decidi mudar e mergulhei de verdade”, conta o universitário.

No curso de Mídias Sociais Digitais, ofertado pela escola de Belas Artes de São Paulo, ele conta que já aprendeu sobre planejamento financeiro, jornalismo, marketing (conteúdo e mensuração), branding, fotografia e vídeo. E o fato de o curso ser novo não significa que os alunos tenham dificuldade para se colocar no mercado. “Já fiz dois estágios, um em startup, outro como redator para um canal tradicional. Agora estou responsável pela mídia social de uma indústria farmacêutica. Tem sido sempre um desafio. O atual é me comunicar bem com um público de profissionais de saúde.”

Além de conseguir trabalhar contratado por empresas, Ghoulart também criou uma startup de arte que acabou indo para a incubadora da Belas Artes. “O curso dá um leque amplo de possibilidades. Existe uma urgência do mercado hoje para o profissional qualificado trabalhar bem com as mídias digitais. Mas sei que não dá para parar nunca, temos de nos reinventar, manter o bichinho da curiosidade crescendo.”

Uma das idealizadoras e hoje coordenadora do curso da Belas Artes, Carol Garcia conta que a ideia veio de uma empreendedora da área de “estilo de vida” com forte presença nas mídias sociais. “Ela contava que as empresas com as quais trabalhava, muitas vezes de grande porte, não sabiam lidar com as redes sociais. Ela não encontrava um interlocutor”, relata. E o brasileiro usa muito, em todos os segmentos, as redes sociais digitais.

A escolha por montar uma graduação rápida, de apenas dois anos, visa a atender um mercado muito dinâmico, justifica Carol. “Muitos dos nossos alunos estão fazendo como segunda graduação e querem levar esse conhecimento para seu cotidiano de trabalho”, afirma. Além disso, durante a graduação, muitos começaram a empreender, relata ela.

A busca por uma formação multidisciplinar levou Mariana Jardim, de 19 anos, a entrar para o curso de Ciências Sociais do Consumo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Ela fez técnico em Marketing e pretendia seguir na área. “Mas o que eu mais gostava era pesquisar sobre o comportamento do consumidor. E, lendo as disciplinas nas grades, não vi nenhum curso com enfoque nisso. Até que uma colega me contou sobre esse novo curso da ESPM”, conta a adolescente, que está no segundo ano.

“Tem muita psicologia. Ensina a trabalhar com dados também”, comenta. Ela está satisfeita com tudo, já faz um estágio em uma empresa de pesquisa de mercado e diz que a única dificuldade é explicar o que ela está estudando para a família e os amigos.


Ciência de dados se ‘infiltra’ em formações

Computação cognitiva, inteligência artificial, tecnologia blockchain, modelagem de dados. Termos como esses, comuns ao universo de tecnologia da informação, estão se infiltrando no jargão de outras profissões. Entraram, por exemplo, no vocabulário do advogado Leandro de Paula Souza, desde que ele fez o curso de Ciência de Dados Aplicados ao Direito, do Instituto de Direito Público de São Paulo (IDP).

Souza garante que o aprendizado está sendo aplicado no dia a dia profissional. “Os conceitos que aprendi já estão sendo úteis, porque atuo em questões relacionadas ao Sistema Público de Escrituração Digital e em comissões de Direito Digital e de compliance, em que estes temas são discutidos com bastante frequência”, diz.

Assim como no cotidiano de Souza, a necessidade de lidar com um volume de dados sem precedentes está na rotina de muitos advogados, o que fez o curso de curta duração do IDP na área ganhar até lista de espera para as próximas edições.

“Temos todos os processos digitalizados, temos a lei de acesso às informações, mas precisamos aprender a trabalhar com essa riqueza de dados de forma que ela nos auxilie a tomar boas decisões”, afirma Alexandre Zavaglia, diretor executivo do IDP.

Como os advogados, profissões de formações diversas têm se lançado ao desafio de aprender a lidar com o chamado Big Data. “Os principais segmentos que estão demandando cursos são os setores financeiro, ou seja, os bancos, e o de telecomunicações”, afirma Alessandra Montini, coordenadora dos cursos in company de MBA em Big Data e Data Mining da Fundação Instituto de Administração (FIA). Há demanda, contudo, de quase todas as áreas. A FIA já promoveu o MBA para farmacêuticas, empresas do setor de alimentos, seguros, varejo, área médica e comunicação.