SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Marinha argentina disse nesta segunda (20) que, na pior das hipóteses, a tripulação do submarino ARA San Juan, desaparecido desde quarta (15), tem oxigênio suficiente para sobreviver por mais dois dias. O cálculo parte da possibilidade de a embarcação, que tem 44 tripulantes, não ter conseguido voltar à superfície desde o dia 15, quando o capitão comunicou ao Navio de Apoio Logístico da Armada da Argentina Patagônia “um princípio de avaria” no sistema de baterias da embarcação, “um curto-circuito”. Foi o último sinal de rádio emitido pelo San Juan, que fazia o trajeto entre Ushuaia, no extremo sul do país, e a cidade de Mar del Plata, à qual deveria chegar na segunda. Em condições normais, explicou o porta-voz da Marinha, Enrique Balbi, um submarino tem autonomia de até 90 dias no que se refere a combustível, água e oxigênio. Isso pressupõe que o navio esteja habilitado a emergir para trocar seu ar uma vez por dia –ou, no máximo, a cada dois ou três dias. Em relação aos alimentos, disse Balbi, sempre se levam provimentos que superam fartamente o necessário para a duração prevista da viagem. Em uma missão de dez dias, como seria a do ARA San Juan, haveria víveres suficientes para um mês. O cenário muda radicalmente se, por alguma razão, a embarcação não consegue vir à tona. A autossuficiência se reduz então a sete dias. Pode ou não ser o caso do submarino argentino, do qual não se tem notícias há cinco. Também na segunda, Balbi disse que, diferentemente do que se pensava, as sete chamadas de satélite detectadas no fim de semana não vieram do ARA San Juan. “O informe oficial indica que se investigaram todos os sinais no espectro da área de operações. Foram analisados 400 sinais radioelétricos na frequência de comunicação de satélite. Houve sete tentativas, mas não correspondem ao submarino.” O porta-voz afirmou que não se tem “nenhum indício, sinal de fumaça, detecção por radar ou farol” que dê alguma pista sobre onde está o submarino, quadro agravado pelas péssimas condições meteorológicas na área de buscas, com temporais incessantes e ondas de até seis metros de altura. Mas a rede de TV americana CNN reportou também na segunda que a Marinha argentina teria identificado ruídos que poderiam ser pedidos de socorro vindos do submarino. Segundo uma fonte americana do canal ligada à operação de busca, os sonares de dois navios detectaram sons que se assemelham ao de ferramentas sendo marteladas no casco de uma embarcação. De acordo com essa fonte, trata-se de um protocolo seguido por tripulações de navios em pane para indicar a localização deles a outros que estejam nas cercanias. A Marinha argentina, ainda conforme a CNN, conseguiu usar tais sinais para estimar por alto as coordenadas de localização do ARA San Juan e agora concentra as buscas em um perímetro de 35 milhas náuticas quadradas a aproximadamente 330 milhas (530 km) da costa do país. BUSCAS As Forças Armadas argentinas têm empregado todo tipo de embarcações e aeronaves nas buscas, de barcos científicos e corvetas a aviões de guerra, além de terem aceitado ajuda internacional nos trabalhos (veja detalhes no quadro ao lado). O Brasil mobilizou três embarcações da Marinha: o navio polar almirante Maximiano, que se deslocava para a Estação Antártica Comandante Ferraz; a fragata Rademaker, que regressava de uma operação ao lado da Armada do Uruguai, e o navio de socorro submarino Felinto Perry, que desatracou da base almirante Castro e Silva, localizada no Rio de Janeiro. Segundo nota do Ministério da Defesa, o navio Almirante Maximiliano chegou na manhã de domingo (19) à área onde o submarino deu seu último sinal de rádio, comunicando-se com o Navio de Apoio Logístico da Armada da Argentina Patagônia. A Força Aérea Brasileira também está colaborando com o envio de duas aeronaves, uma SC-105 Amazonas (especializada em busca e salvamento – SAR) e uma P-3AM Orion (voltada a operações de patrulha).