SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), admitiu publicamente que o seu projeto presidencial perdeu força e que hoje uma candidatura ao governo de São Paulo é hoje mais provável. O tucano sublinhou, contudo, que precisará do apoio do governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), com quem por meses disputou tacitamente a candidatura do PSDB à Presidência. Indagado pelo apresentador José Luiz Datena, da Bandeirantes, nesta quinta-feira (23), se cogitava entrar na eleição estadual, Doria assentiu e declarou abertamente apoio aos planos nacionais de Alckmin, gesto pelo qual era cobrado no PSDB. “É uma opção, sim, claro. Se isso fortalece uma candidatura do PSDB, se isso fortalece uma candidatura de Geraldo Alckmin, para que possa conduzir uma campanha vitoriosa à Presidência, eu tenho de estar ao lado do Brasil e das pessoas que podem ajudar o país”, afirmou. “Tenho que colocar a minha força, a minha capacidade, a minha voz e a minha experiência a favor do Brasil e, neste caso, esta [a candidatura ao governo paulista] pode ser uma alternativa, sim”, reforçou Doria. Sua fala ocorre um dia depois de reportagem da Folha de S.Paulo informar que Doria recuara de suas intenções nacionais e passou a mirar o governo de São Paulo. Doria vinha sendo pressionado por aliados a desencarnar do projeto presidencial e se colocar na disputa estadual, em uma tentativa de desbancar o senador José Serra (PSDB-SP), que também é cotado para disputar o governo, embora também flerte com a Presidência. Além dos dois, o PSDB tem outros dois pré-candidatos, Luiz Felipe d’Avila e Floriano Pesaro. Sem mencionar os virtuais oponentes, Doria sugeriu que o apoio de Alckmin será decisivo na escolha interna do nome a ser lançado. “Óbvio que depende do partido, depende do governador Alckmin, que é uma liderança expressiva nacionalmente e, obviamente, aqui em São Paulo, é a maior liderança, para que isso [sua candidatura ao governo] possa se configurar.” PALAVRA Na entrevista, Datena disse que acredita em Doria quando diz que não deixará o PSDB para disputar a Presidência, porque “quem não tem palavra…” e antes de concluir, o prefeito emendou: “Não tem nada”. Interlocutores do tucano não deixam de cogitar que o seu recuo seja estratégico e que ele poderia se fortalecer angariando apoio do PMDB e DEM e isolando, assim, Alckmin. Doria tratou de demonstrar o contrário. Disse que pretendia “somar forças com vistas a um projeto de 2018 e, desculpe até a colocação, para salvar o Brasil, para termos candidatura única, consolidada e, se for a do governador Alckmin, para que não paire duvida, será, terá o meu apoio”. Para o prefeito paulistano, a pulverização de candidaturas de centro fortalecerá o ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva (PT) “na extrema esquerda” e o deputado Jair Bolsonaro (PSC) “na extrema direita”. “Seria um desastre completo”, opinou. “Precisamos ter uma candidatura fortalecida, de centro, liberal, confiável e que possa unir os partidos.”