SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Ministério do Esporte afirmou em comunicado, nesta sexta-feira (24), que pode suspender repasses a entidades como o COB (Comitê Olímpico do Brasil) se não for dado um mínimo de representatividade aos atletas.
A manifestação ocorre na sequência da aprovação do estatuto do comitê, na quarta (22), que deu menos assentos a atletas na assembleia do COB do que era reivindicado.
“Nos próximos dias, adotaremos medidas para que essa participação dos atletas ocorra de fato e de direito. Caso não haja um mínimo de representatividade que garanta a participação deles, o Ministério do Esporte não poderá certificar as entidades esportivas, que deixarão de receber os recursos públicos, como, aliás, manda a lei”, disse a pasta, em nota.
Pela proposta da comissão que reformou o estatuto, a meta era ter 12 atletas na composição da assembleia. Porém, foram aceitas apenas cinco vagas, o que gerou descontentamento entidades esportivas como as ONGs Atletas pelo Brasil e Sou do Esporte, que inclusive sugeriram itens na reforma.
A aprovação do estatuto do COB foi feita de maneira polêmica. O voto do presidente da CBRu (Confederação Brasileira de Rubgy), Eduardo Mufarej, foi anulado após votação terminar empatada em 15 a 15.
O cartola deixou a reunião antes do fim, mas adiantou seu voto em favor do pleito dos atletas de aumentar a sua participação na assembleia.
O presidente da CBTM (Confederação Brasileira de Tênis de Mesa), Alaor Azevedo, pediu a impugnação do voto, ao alegar que apenas os cartolas que estavam na reunião durante a votação poderiam ter os seus votos computados.
Após debate acalorado, os dirigentes impugnaram o voto do representante do rúgbi e o placar terminou 15 a 14. A confederação de rúgbi disse que vai interpelar o COB e pode até acionar a Justiça.
Antes, só um representante dos atletas tinha direito a voto em meio a 30 confederações esportivas e membros natos e eleitos. Agora, serão cinco vagas em meio a 35 confederações esportivas e um membro brasileiro do COI.
Nesta sexta, o ministério assinou um Termo de Ajustamento de Conduta com o COB para que sejam prestadas contas do dinheiro recebido via Lei Piva —que repassa ao esporte percentual da arrecadação bruta das loterias.
“Mas não é apenas a prestação de contas que interessa à sociedade. O Ministério do Esporte quer que esses setores abandonem práticas velhas de gestão que tinham como objetivo, muitas vezes, apenas a manutenção do poder de alguns grupos.”
“Nesse sentido, o Ministério do Esporte entende que é essencial maior participação dos atletas na representatividade das associações. E essa participação tem de se dar de forma efetiva, não meramente burocrática”, prosseguiu.