Numa das raras e já tardias aparições na imprensa paranaense, o ex-senador Osmar Dias (PDT) deu pistas da estratégia que lançará mão para tentar vencer a eleição ao Governo do Paraná na eleição de 2018. Em entrevista à rádio BandNews de Curitiba, o pré-candidato afirmou não enxergar diferença entre um corrupto do PT e um tucano. A frase tem destino certo: o PSDB do governador Beto Richa (PSDB). Osmar há pouco tempo sonhava contar com Richa na campanha. Sabe do peso do candidato do governo. Muito sorridente, chegou a tirar a câmera fotográfica de um profissional para fazer uma foto do governador no Palácio Iguaçu. A dobradinha PDT/PSDB não foi para frente – pelo menos é o cenário visto atualmente. E como em política costuma-se dizer que até vaca voa, melhor dizer que se a eleição fosse hoje, governador e o ex-senador estariam em lados distintos da trincheira. Isso é fato. E já prevendo que este cenário se estenda até o período eleitoral, Osmar tratou de aplicar a vacina e mostrar as ferramentas. Osmar, claro, sabe que seus adversários políticos vão explorar a aliança feita em 2010 com o PT – quando o ex-senador disputou o governo do Estado com Richa. Na época, Osmar andava abraçado com o ex-presidente Lula e a então presidente Dilma Rousseff. Os dois eram figuras constantes nos programas eleitorais de Osmar. Hoje, viraram leprosos. Osmar não quer nem ouvir falar em PT, muito menos de Lula. Obviamente, as pesquisas de intenção de voto demonstram uma forte rejeição do paranaense com o PT por conta dos sucessivos escândalos promovidos pelos petistas. Um tucano de bico grande ouvido pela coluna já tem na ponta da língua a resposta que dará a Osmar Dias quanto este tentar comparar PT e PSDB: não me meça com a sua régua. É sabido que há um ou outro tucano voando por céus cinzentos, lá pelas bandas de Minas Gerais, mas a corrupção endêmica revelada pela Operação Lava Jato revelou um PT ávido a qualquer custo por poder, nem que para isso se desnude de qualquer moral. É justamente esta imagem do PT que concorrentes de Osmar tentarão associá-lo. E é exatamente isso que o ex-senador vai gastar muita lábia e horas de programa eleitoral para evitar. Talvez Osmar tenha que sentar novamente ao lado do ex-presidente Lula e tomar umas aulas como virar teflon na eleição de 2018, ou seja, como fazer para que a imagem de Lula, do PT, da senadora Gleisi Hoffamann, não cole nele. Se bem que se em 2014, Lula conseguiu escapar ileso do escândalo do Mensalão, mas no Petrolão parece que o efeito teflon passou ou perdeu a validade.
Nossos políticos destemidos
Nossos políticos, e aqui faço menção também aos paranaenses, realmente são destemidos. Não que isso seja uma virtude, porque no dicionário o conceito nos remete a adjetivos como corajoso, valente. Aqui pelas terras das araucárias, o que seria uma virtude revela uma soberba e um destemor quando o caso é corrupção. Senão vejamos. Desde 2014, a Polícia Federal tem revelado no âmbito da Operação Lava Jato negociatas, engenharias financeiras, das mais diferentes formas – tendo como objetivo fim botar a mão em dinheiro público. Desviar recursos dos cofres públicos. Viu-se com tamanha riqueza o funcionamento de uma offshore – desde a sua criação até o mais pleno funcionamento. Países conhecidos como paraísos fiscais nos foram apresentados como se fossemos fazer uma viagem de turismo. Operadores, doleiros, conta exclusiva para pagar propina, enfim, as mais variadas e modernas formas de botar a mão no jarro. Diante de todo este cenário, por mais complexo que seja a PF conseguiu identificar um a um, investiga-lo e o Ministério Público Federal (MPF) processá-lo.
Pois bem. O que falar então dos nossos vereadores, deputados estaduais e federais do Paraná que agora estão na mira de promotores e procuradores suspeitos de desviar recursos públicos de forma infantil, ingênua. Mais de dez vereadores de Curitiba são alvos de inquéritos abertos pelo Ministério Público do Paraná. A denúncia? Abrigar funcionários fantasmas, que ganham dinheiro sem precisar trabalhar. Ou pior, exigir parte do salário dos servidores. Não precisa ser promotor nem procurador para comprovar tal fraude. Assim como há deputados estaduais e federais na alça de mira. Dos 30 representantes do povo paranaense em Brasília, mais da metade responde a alguma ação na Justiça. Por aqui não é diferente. Mesmo a Assembleia Legislativa ter sido alvo de operações do MP, quando da publicação da Série Diários Secretos, em 2010, que revelou um esquema milionário de desvio de recursos por meio de servidores fantasmas, parece que alguns nobres deputados estaduais ainda duvidam do peso da lei. E recorrer aos mesmos subterfúgios para amealhar dinheiro público.
Nossos representantes não são de fato destemidos? O que eles temem? Talvez o único temor seja ser expurgado da vida política, não se reeleger. Porque talvez somente fora do sistema não tenha força e mecanismos para roubar o dinheiro público. Em outras palavras, corruptos só temem a nós: sociedade.

* Esta coluna é publicada todas as quartas-feiras