Encerrar uma fala é uma das coisas mais difíceis na comunicação – tanto na interpessoal quanto nas apresentações em público. Certamente você já se pegou num diálogo sem saber como encerrar uma conversa reticente, usando frases como então tá bom, pra ver se consegue levar o papo para o tchau. Da mesma forma, já deve ter percebido professores, palestrantes ou oradores angustiados por não conseguirem encerrar suas apresentações.
Na maioria das vezes, a dificuldade em fazer o desfecho na comunicação vem da falta de planejamento da fala. Claro que, nas conversas informais, normalmente não planejamos o que vamos falar e deixamos que o diálogo flua naturalmente. Mas o maior problema mesmo está nas apresentações em público, como discursos, aulas, palestras e outras situações desse tipo.
Há poucos dias, assisti a uma palestra de uma autoridade nacional, em um evento de grande porte, em que ficou nítido o desconforto da pessoa por não conseguir levar com naturalidade a sua fala para um desfecho. Por dezenas de vezes, ele utilizou expressões como Para concluir, agora falta pouco, já estou quase terminando, em resumo, sempre dando a entender que eram suas últimas frases – mas levou mais de meia hora passando a impressão de que estava fazendo a conclusão de seu raciocínio.
Por que isso ocorre?
Conforme já destacamos acima, a dificuldade em concluir uma fala quase sempre vem da falta de planejamento. Ora, mas presume-se que uma autoridade nacional prepare sua fala antes de se apresentar para um grande público. Da mesma forma, um político ou líder sindical também deve planejar seus discursos, um professor deve elaborar um plano de sua aula, e assim com todas as pessoas que se apresentam em público. E mesmo assim o problema persiste.
O fato é que, quando planejamos uma apresentação, a tendência é de que nos mantenhamos focados apenas nos conteúdos e argumentos a serem apresentados – sem lembrar que uma fala deve ter início, meio e fim. Isso equivale a dizer que planejamos apenas o desenvolvimento, sem lembrar da introdução e da conclusão. E esses são dois momentos muito importantes de uma fala, já que a introdução é determinante para que a plateia se disponha a prestar atenção; enquanto a conclusão é o arremate final, que deve selar firmemente o conteúdo na mente dos receptores.
Para que uma fala seja recebida de forma harmônica pelo público, ela deve ser apresentada de maneira que as pessoas percebam o desenrolar do raciocínio, inclusive o desfecho dele. Assim, para não criar expectativas de que a fala está chegando ao fim, o orador deve evitar expressões como as citadas no exemplo acima, em que o palestrante acabou transmitindo ansiedade para a plateia, além de causar a impressão de que sua fala foi muito mais demorada do que foi, de fato. Ou seja, quando demonstrar que está caminhando para o final, ele deve realmente ser breve em apresentar sua conclusão.