MARINA DIAS E NATÁLIA CANCIAN BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Michel Temer decidiu articular pessoalmente a formação de um bloco para disputar as eleições de 2018. Ele reuniu no domingo (3) presidentes de partidos do centrão para discutir o cenário e o apoio governista a um candidato em 2018. Segundo a reportagem apurou, Temer falou da necessidade de siglas como DEM, PSD, PP, PR, PRB e PTB -todos com representantes no almoço do Palácio da Alvorada- se fortalecerem como bloco de centro-direita, capaz de lançar ou apoiar um nome que fure a polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PSC), hoje líderes nas pesquisas eleitorais. A ideia inicial de Temer é deixar de fora o PSDB do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. O partido não foi convidado para o almoço. O presidente está irritado com a postura dos tucanos na votação da reforma da Previdência: a sigla está dividida e, até agora, não se comprometeu a votar em peso a favor das mudanças. Havia uma expectativa de que Temer a Alckmin conversariam pessoalmente no sábado (2), quando se encontraram em evento no interior paulista, sobre o desembarque do PSDB e um acordo de não agressão dos tucanos contra a gestão peemedebista. O diálogo não ocorreu. “Se ontem foi uma conversa silenciosa [com Alckmin], hoje foi um diálogo dos que conhecem a língua portuguesa”, disse o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral). Assessores de Temer afirmam que o apoio a Alckmin em 2018 não está descartado, caso um candidato apoiado pelo governo não deslanche nas pesquisas até março. O mais cotado, hoje, é o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, com 2% das intenções de voto no Datafolha. De acordo com comensais, o presidente discutiu com aliados o apoio às reformas do governo. O Planalto aposta que bons índices econômicos no primeiro trimestre podem fortalecer um candidato comprometido com sua agenda. Temer convidou para o almoço no Palácio do Alvorada o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente do PSD, Gilberto Kassab; do PRB, Marcos Pereira; do PP, Ciro Nogueira; do PTB, Roberto Jefferson; e um representante do PR, enviado por Valdemar Costa Neto, o ministro Maurício Quintella (Transportes). Na noite deste domingo (3), Temer e Maia reuniriam líderes da base na residência oficial do presidente da Câmara para mapear os votos de congressistas para a reforma da Previdência e fazer um apelo para que a votação ocorra ainda neste ano. O cenário, porém, é pessimista. O Planalto não deve ceder aos três pontos que o PSDB quis incluir no texto da nova Previdência.