DANIEL BUARQUE
LONDRES, REINO UNIDO (FOLHAPRESS) – Um grupo de sobreviventes e familiares de vítimas do incêndio de Grenfell lançou neste mês uma petição exigindo uma participação mais ativa na investigação sobre a tragédia que completa seis meses nesta semana.
A petição cobra do governo da primeira-ministra conservadora Theresa May que aceite um painel indicado pelos sobreviventes como parte do grupo que investiga o caso a fim de garantir credibilidade à investigação.
Criada pelo governo, a Grenfell Tower Inquiry (GTI) é uma investigação de caráter independente dirigida pelo juiz aposentado Sir Martin Moore-Bick. O trabalho para descobrir as causas do incêndio e avaliar o resgate dos moradores teve início no dia 14 de setembro.
O GTI divulgou um relatório com nove páginas detalhando tudo o que vai ser analisado no processo. O objetivo da investigação é avaliar desde a construção do prédio, que data dos anos 1970, até o tipo de material utilizado na obra, modificações feitas na torre ao longo dos anos (mesmo no interior dos apartamentos), o uso de material inflamável e as estruturas de segurança e combate a incêndio do prédio.
REVESTIMENTO
Logo após a tragédia, a polícia e os bombeiros disseram acreditar que o fogo tenha começado em um refrigerador no quarto andar do prédio.
Existe ainda a suspeita de que o material usado no revestimento do edifício tenha acelerado a propagação do fogo. Até o momento, entretanto, não foram divulgadas informações sobre o avanço dessa investigação.
Após contato da reportagem, o GTI alegou ainda não estar aberto a entrevistas.
O incêndio deixou um total de 71 mortos, de acordo com um relatório da polícia divulgado em novembro, cinco meses após a tragédia.
MORADIAS
Seis meses depois do incêndio, 166 famílias que viviam no edifício de 24 andades que ficou completamente destruído continuam vivendo de forma improvisada.
O levantamento foi divulgado pelo grupo Grenfell United, que defende os interesses das famílias que moravam no prédio no bairro de Kensington e Chelsea.
“Estamos falando de famílias que passaram por eventos traumáticos e que perderam quase tudo, presas em quartos de hotel e acomodações improvisadas. Ninguém pode sequer começar a reconstruir suas vidas até que tenham um lugar para chamar de lar”, disse o diretor do Grenfell United, Shahin Sadafi, em entrevista ao jornal “The Guardian”.
Até agora, apenas 42 famílias que moravam no Grenfell se mudaram para residências permanentes oferecidas pelo governo.