JULIO WIZIACK
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Banco Central só consegue monitorar 70% da dívida das empresas no exterior —R$ 315 bilhões. A partir da análise, os técnicos verificam, por exemplo, se a empresa tem faturamento no exterior ou se é exportadora, formas naturais de proteção à variação cambial
Os dados apontam que cerca de R$ 200 bilhões podem estar sem cobertura à variação cambial, um índice considerado “saudável” para o sistema bancário pelo BC.
Renegociar
As empresas também têm de trabalhar para reduzir a exposição. Por atuar em 20 países, a JBS, por exemplo, tem 80% das receitas em dólar e um índice elevado de dívida em moeda estrangeira —79%, segundo a Economatica.
“É incorreto afirmar que todo o montante é exposição [cambial]”, disse a empresa por meio de sua assessoria. “Exemplo disso é que, da dívida bruta, 54% das linhas foram contratadas nos EUA e, portanto, trata-se de dívida em moeda local.”
Ainda segundo a empresa, um terço da dívida vence no curto prazo e, desse total, 73% são em dólar porque estão atrelados à exportação, com “custos mais atrativos para a companhia”, com troca de dívidas caras em real por mais baratas em dólar.
A Petrobras seguiu caminho parecido. De janeiro a setembro deste ano, emitiu R$ 72 bilhões em títulos no exterior com vencimentos entre 2022 e 2044; pagou R$ 108 bilhões em empréstimos que venceriam entre 2018 e 2021; renegociou dívidas de R$ 26,7 bilhões. Resultado: o prazo médio de pagamento da dívida passou de 7,4 para 8,3 anos, e a taxa média de juros caiu de 6,2% para 5,9% ao ano.