RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Presos na cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, zona norte do Rio, o ex-governador fluminense Sérgio Cabral (PMDB) e sua mulher, Adriana Ancelmo, foram aprovados no curso de bacharelado em teologia a distância da Fabapar (Faculdade Batista do Paraná). Seus nomes foram publicados no site da instituição na última sexta-feira (8). Pela lei, a cada três dias de estudo há a redução de um na pena. O peemedebista acumula 72 anos em três condenações, e é réu em outras 13 ações penais. Ancelmo foi condenada a 18 anos na ação penal referente à Operação Calicute, e responde a outras três ações penais. O ex-governador do Rio também vai fazer a prova do Enem nos próximos dias 12 e 13 para tentar uma vaga no curso de história. Cabral também trabalha na biblioteca da cadeia, o que dá a ele direito à remição da pena. Segundo seu advogado, Rodrigo Roca, além de possibilitarem a redução, os estudos são “uma forma de ocupar o tempo ocioso e de se manter atualizado”. Roca diz que o estudo da teologia foi escolhido “porque era o curso oferecido neste momento”. Também pode ter tido influência, diz ele, o fato de ele próprio ser mestrando em direito canônico e ter conversado com o ex-governador sobre o curso. “Além disso, tanto história quanto teologia são estudos correlatos à formação dele de jornalista.” Três companheiros de cela de Cabral foram aprovados para o mesmo curso: Wilson Carlos Cordeiro Carvalho, seu ex-secretário de Governo, o ex-policial militar Flávio Mello dos Santos e o dono de empresa de fornecimento de alimentos Marco Antônio de Luca, preso na Operação Ratatouille, desdobramento da Lava Jato que investiga contratos do setor de alimentos nos governos de Cabral e do atual governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB). Também está na lista Alessandra da Costa, irmã do traficante Fernandinho Beira-Mar, presa em maio deste ano. O próprio Fernandinho Beira-Mar também foi aprovado no vestibular de teologia em 2013. O custo do curso por semestre, segundo o site, é de R$ 2.664. Segundo seu advogado, por ser presidiário, Cabral não terá que pagar. Se tiver, isso não será possível, pois seus recursos estão bloqueados, diz. Procurada, a Fabapar não comentou o assunto até a publicação deste texto. A Fabapar tem nota quatro no Índice Geral de Cursos do Ministério da Educação, que vai até cinco. De acordo com o site da instituição, o curso de bacharelado em teologia a distância é reconhecido pelo ministério com conceito 5. Em nota publicada no site, a faculdade disse que não “atua de forma direta com qualquer detento” e que as provas são aplicadas pela secretaria de Segurança do Estado no presídio onde os candidatos estão detidos. “Destacamos que os detentos passam pelos mesmos critérios de correções de notas e redação, como qualquer outro candidato que se dispõe à vaga, sem regalias, privilégios ou coerções de terceiros”, diz a nota.